Há agentes da PSP em missões na Colômbia, Iémen, Mali, República Centro-Africana e Sudão do Sul.
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A pressão psicológica, as diferenças culturais e o afastamento da família são dificuldades enfrentadas por elementos da PSP que participam em missões de paz da Organização das Nações Unidas (ONU). Desde 1992, cerca de 1200 agentes já estiveram em quatro continentes e 19 países. Há 28 polícias, incluindo seis mulheres, impedidos de regressar a Portugal e ser substituídos por causa da covid-19.
Os agentes estão colocados em missões na Colômbia, Iémen, Mali, República Centro-Africana e Sudão do Sul. E há 15 elementos em organismos da ONU. No total, são 43.
"As missões são de um ano e há muita pressão psicológica, pois estamos longe da família, em zonas de guerra ou que acabaram de sair de um conflito, outras ainda com um sistema político desestruturado, além das diferenças culturais. Isso exige muito de nós", refere, ao JN, o intendente João Faria, responsável pela Divisão de Estudos e Doutrina Policial e Relações Internacionais da PSP, a propósito do Dia Internacional das Forças de Manutenção de Paz, celebrado sexta-feira.
Os agentes trabalham todos os dias da semana, acumulando folgas, permitindo que, a cada dois ou três meses, passem vários dias em Portugal. Porém, tal não acontece atualmente devido à pandemia da covid-19. "Estava prevista uma rotação no Sudão do Sul. Temos os agentes preparados, mas não sabemos quando poderão ir", explica João Faria.
Participação voluntária
A participação nas missões é voluntária e os oficiais, chefes e agentes têm de dominar um de dois idiomas: francês ou inglês.
Mas esse é apenas um dos requisitos. A ONU abre concursos anuais, aos quais os agentes policiais de todo o Mundo se candidatam individualmente, após serem sujeitos a uma pré-seleção no país de origem.
O currículo é analisado por um especialista daquela organização. Os agentes selecionados passam a integrar uma lista, sendo sujeitos a entrevistas feitas diretamente a partir da sede da ONU, em Nova Iorque.
Sendo admitidos, integram uma bolsa de polícias que podem ser chamados a qualquer momento.
"Temos bolsas em francês e em inglês para todas as carreiras na PSP. Há um curso de formação para missões internacionais, com a duração de duas semanas, onde inclusivamente agentes que já estiveram no terreno partilham experiências. Quando um ou vários elementos são selecionados para uma missão, têm mais uma semana de formação específica, tendo em conta o país para onde vão. Posteriormente, são preparados pela ONU, consoante o grau de risco da região para onde vão", assinala João Faria.
Zelar pela paz
O dispositivo da PSP - que tanto pode ser de apenas um elemento, como uma equipa - dá formação às polícias locais, ajuda as autoridades judiciárias e de investigação criminal e zela pelo cumprimento de acordos de paz. Nalguns casos, assessora países apenas com problemas políticos.
"Em determinados cenários é complicado, por exemplo, abordar temas como a violência de género e a violência doméstica. Mas faz parte das nossas atribuições e não deixamos de cumprir o nosso papel", revela João Faria.
Pormenores
Presença portuguesa
Há 48 elementos da PSP, GNR e do SEF em missões de paz da ONU. Segundo o Ministério da Administração Interna, estão em nove missões e 10 agências.
PSP em maioria
A PSP tem 43 elementos no estrangeiro, enquanto a GNR tem três e o SEF possui dois dos seus quadros ao serviço das Nações Unidas.
Participações
A primeira missão da PSP aconteceu em março de 1992, na Croácia e na Bósnia Herzegovina. A Polícia já participou em 25 missões, em quatro continentes e 19 países.
Cinco mortes
Cinco portugueses morreram em missões da ONU: três militares da GNR (um capitão, em 1998, na Costa do Marfim, um sargento-ajudante, em 2010, e um alferes, em 2012, ambos em Timor-Leste) e dois subchefes da PSP (em 1993 e 1995, na Croácia).