Apenas os crimes rodoviários estão no "vermelho" em relação ao cenário verificado em 2019. O ministro da Administração Interna diz que não há decisão tomada sobre fecho de esquadras.
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A criminalidade grave no Grande Porto desceu 2,4% entre janeiro e setembro deste ano, por comparação com o período homólogo de 2019. Os números foram divulgados, na segunda-feira, pelo ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, tendo o governante acrescentado que a criminalidade geral baixou 12,5%. Vale isto por dizer que, este ano, e segundo números a que o JN teve acesso, em termos de participações foram registadas 1606 (1646, em 2019) e 37 332 (contra 42 602), respetivamente.
José Luís Carneiro, que falava na Universidade Lusíada do Porto, à margem de uma conferência sobre Segurança Interna, notou que a comparação é feita, em termos europeus, com 2019, considerando-se que os anos de 2020 e 2021, por efeitos dos confinamentos impostos pela covid-19, foram atípicos no que diz respeito à criminalidade.
Nas participações efetuadas nos maiores concelhos registou-se um decréscimo de 1746 no concelho do Porto, de 1158 em Vila Nova de Gaia, de 538 em Matosinhos, de 342 na Maia e de 508 em Gondomar. Nas principais categorias de crimes houve menos 3148 furtos, 498 burlas, 261 casos de violência doméstica e menos 301 casos de ofensa à integridade física simples.
Mais crimes na estrada
Em sentido oposto estão os crimes rodoviários (condução sob efeito de álcool, sem habilitação legal e em excesso de velocidade), com mais 542 participações, de ofensa à integridade física agravada, com mais 12, e de extorsão, com mais 32.
São números que "nos deixam confortados, mas não nos fazem esquecer a necessidade de aperfeiçoar constantemente o policiamento", disse o ministro. José Luís Carneiro recordou que Portugal é o sexto país mais seguro do Mundo, destacando aqui o papel desempenhado pelos elementos das forças de segurança de primeira linha, como o são a PSP e a GNR.
Pessoas querem é ver mais polícias nas ruas
E sobre elas o governante realçou que "vão ter o maior aumento" remuneratório desde 2010, tendo sido possível demonstrar aos sindicatos que o acréscimo andará na casa dos 20%.
"Havia uma preocupação dos sindicatos com o facto de estes aumentos provocarem mudanças de escalões remuneratórios e isso ser depois absorvido pelo IRS. Mas com as alterações a introduzir nos escalões do imposto os ganhos serão efetivos", explicou o governante.
José Luís Carneiro, falando sobre o subsídio de risco, recordou que "a componente variável [20%] incide sobre a base salarial e também por aí haverá ganhos".
Questionado sobre um hipotético fecho de esquadras no Porto, José Luís Carneiro garantiu que não há ainda nenhuma decisão tomada, mas defendeu que o sentimento de insegurança não se combate com esquadras abertas. "O que os cidadãos querem é ver mais polícias na rua. Para que esse objetivo seja alcançado não podemos colocar o centro da nossa atenção nas esquadras, porque elas servem, fundamentalmente, para um objetivo, que é a participação de eventos que já ocorreram", concluiu o ministro da Administração Interna.
Pormenores
Papel dos sindicatos
Sobre a manifestação nacional de polícias convocada para o próximo dia 24, o ministro agradeceu o trabalho dos sindicatos: "Chamaram-me a atenção". "Também por isso faço questão de presidir às reuniões com os sindicatos", disse José Luís Carneiro.
Investimento
Até 2026, o Ministério da Administração Interna quer investir 600 milhões de euros para melhorar infraestruturas e equipamentos. "E temos previstos 40 milhões de euros em alojamento e habitação, tendo em vista os elementos mais jovens das forças de segurança", afirmou o ministro.