Os bairros do Cerco e, sobretudo, da Pasteleira Nova, ambos no Porto, nunca foram tão perigosos como nos dias de hoje. Fruto de um crescente aumento da violência, os moradores destes bairros sociais são obrigados a arriscar a vida para, diariamente, lutar contra "uma minoria de criminosos que persiste em impor" nestes locais redes de tráfico de droga. A garantia foi transmitida pela PSP ao Ministério Público, no âmbito da investigação a um videoclip de um rapper francês, que mostra disparos de armas de fogo e sacos com droga nas ruas destas zonas urbanas sensíveis da cidade portuense.
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A investigação, tal como o JN avançou na edição de domingo, seria arquivada pela procuradora Lara Gomes da Rocha. Mas, para a Polícia, as imagens recolhidas e usadas pelo cantor Sofiane elevam o Cerco e a Pasteleira Nova ao patamar dos bairros mais violentos de França e da Europa de Leste, onde o rapper gravou outros videoclips.
E contribuem, sem qualquer dúvida, para "o aumento da resistência às ações policiais e para o cada vez maior sentimento de insegurança" da maioria das pessoas que habitam nestes bairros sociais.
Resistência às autoridades
Num documento enviado ao Departamento de Investigação e Ação Penal, e que o JN consultou, a Divisão de Investigação Criminal (DIC) da PSP do Porto descreve o Cerco e a Pasteleira Nova como "bairros de habitação social, destinados a famílias carenciadas que tentam, dia após dia, resistir e sobreviver com o auxílio das autoridades".
Acrescenta a Polícia que os moradores lutam "insistentemente, e muitas vezes com risco para a própria vida, contra uma minoria de criminosos que persiste em impor naqueles bairros sociais redes de tráfico de droga, sob o jugo do medo".
Ainda segundo a DIC, "a dinâmica das redes de tráfico existentes nestes locais, em especial na Pasteleira Nova, têm vindo a optar por elevados índices de resistência à presença policial, elevando, de forma crescente, o risco para um nível nunca antes visto na cidade do Porto".
O Cerco e a Pasteleira Nova são por isso, conclui a DIC, os bairros da cidade do Porto "em que as autoridades mais dificuldade têm tido no combate ao tráfico de estupefacientes".
Várias operações
A PSP tem efetuado várias operações nestes bairros. Numa delas, em 2021, foram detidas 250 pessoas e já em fevereiro deste ano, foram encarceradas outras seis. Em abril e junho, a Polícia regressou em força.
Medo assumido
Nas imediações da Pasteleira Nova, dezenas de toxicodependentes pernoitam em tendas, que também usam para consumir. A população fala em roubos diários e assume temer pela sua segurança.
