O defensor de Azeredo Lopes afirmou esta segunda-feira, em tribunal, que a acusação do Ministério Público não passa "de um romance", no que se refere ao ministro da Defesa à data do assalto aos paióis de Tancos, em 2017.
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"A imaginação da acusação é grande, mas isso não pode ser contestado", lamentou Germano Marques da Silva, para quem aquele documento "é um muito mau exemplo" do que deve ser uma acusação, com extrapolações além da narração dos factos.
Azeredo Lopes começou esta segunda-feira a ser julgado por, segundo o Ministério Público (MP), ter dado cobertura institucional à recuperação encenada, a 18 de outubro de 2017, da maioria do armamento furtado três meses e meio antes, numa operação montada por elementos da Polícia Judiciária Militar e da GNR, à revelia da PJ civil, que liderava a investigação.
O MP sustenta que o antigo governante o fez com o objetivo de melhorar a imagem do Governo face aos incêndios florestais que, em junho e outubro daquele ano, mataram, globalmente, mais de cem pessoas, mas a abordagem é criticada por Marques da Silva.
"É comentário político puro e duro, baseado em clichés sobre políticos", considerou, na sua exposição introdutória, o causídico, apelidando de "obscena" a suposta "vantagem política" que teria guiado a conduta de Azeredo Lopes. O advogado lembrou, de resto, que, para o ex-ministro, essa vantagem seria "exatamente a mesma" se a recuperação do material de guerra tivesse sido feita pela PJ civil.
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O antigo governante está acusado, no total, de quatro crimes: denegação de justiça e prevaricação, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poderes, e denegação de justiça.
À chegada ao Tribunal de Santarém, Azeredo Lopes optou por não falar aos jornalistas. Irá, ainda assim, prestar declarações perante o coletivo de justiça, em data ainda a definir.
O ex-ministro será o último dos 23 arguidos - 14 associados à recuperação encenada do armamento e nove ao assalto aos paióis - a falar em tribunal.
O julgamento prossegue esta segunda-feira à tarde. Os presumíveis assaltantes são os primeiros a ser interrogados.