Ciúmes doentios e suspeitas de traição na origem de homicídio no Seixal. Filho tentou salvar a mãe e também foi esfaqueado.
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Jorge, 55 anos, degolou a mulher, Paula, 50 anos, em casa, no Seixal, num ataque de fúria e ciúmes depois de espiar o telemóvel da vítima e se sentir atraiçoado. O filho do casal, de 22 anos, ainda tentou salvar a mãe e foi esfaqueado numa mão. O agressor tentou suicidar-se com a mesma arma, golpeando-se no pescoço, mas sobreviveu após ser operado. Foi detido pela PSP ainda em casa. Aos agentes exclamou: "Ela não colaborou".
O crime aconteceu ontem de manhã, no 94 da pacata Avenida Pinhal Vidal, em Corroios, Seixal, composta por moradias unifamiliares. De acordo com a vizinhança, este era o segundo casamento de Jorge, trabalhador no Porto de Lisboa, a viver há 25 anos com Paula nesta casa, que tinha sido do seu pai. Jorge é tido como um homem de poucas palavras, introvertido, que ferve em pouca água. Discutia com jovens que conviviam junto da sua casa. Pelo contrário, Paula, natural de Vinhais e lojista em Lisboa, era tida como extrovertida e alegre.
Jorge desconfiava que Paula pudesse estar a traí-lo. Desde há meses eram frequentes as discussões em casa. Ainda assim nunca foi necessária a intervenção policial nem houve qualquer queixa formal por violência doméstica.
Ataque de surpresa
Às oito horas da manhã, a vítima estava a tomar banho, quando o seu companheiro aproveitou para espiar o seu telemóvel. Não lhe terá agradado o que viu e foi direto à cozinha buscar uma faca. Irrompeu pela casa de banho e atacou-a selvaticamente no polibã, por detrás, de surpresa. Degolou-a, deixando-a a morrer.
O filho do casal apercebeu-se do que estava a acontecer e tentou defender a mãe. Ainda tentou tirá-la do polibã e do alcance do agressor, mas acabou ele próprio por ser esfaqueado com gravidade nas costas da mão direita. Depois, saiu para a rua e pediu ajuda a vizinhos que passavam no parque infantil junto da casa. Foram estes que chamaram as autoridades, perto das 8.15 horas.
Dentro da habitação e consumado o homicídio, Jorge tentou suicidar-se, golpeando-se com a mesma faca. Depois, arrastou-se até à sala, deixando um rasto de sangue pela casa.
Agentes da PSP do Seixal chegaram momentos depois ao local e depararam-se com o suspeito gravemente ferido. Teria ainda na sua posse a arma do crime e disse-lhes várias vezes: "Ela não colaborou, ela não colaborou".
Os bombeiros do Seixal transportaram o agressor para o Hospital Garcia de Orta, em Almada, onde foi operado com sucesso e pelas 12 horas já não corria perigo de vida. À hora do fecho desta edição, permanecia internado, sob vigilância policial e será presente a tribunal para aplicação de medidas de coação logo que tiver alta médica.