Grupo, que integrava camionistas e um guarda, traficou mais de uma tonelada de cocaína no porto de Setúbal.
Corpo do artigo
Um grupo de estivadores do Porto de Setúbal estava ao serviço de cartéis colombianos e, pelo menos, durante dois anos, retirou de contentores marítimos mais de uma tonelada de cocaína, transportada de barco até Portugal. A droga era, depois, entregue a diferentes traficantes. Na quinta-feira, dois dos estivadores foram detidos e outros cinco constituídos arguidos, durante uma operação da Polícia Judiciária (PJ). A organização contava ainda com a participação de camionistas (dois foram detidos) e de um militar da GNR, que estão entre os 12 arguidos indiciados.
O grupo estava organizado e cada elemento tinha as suas funções bem definidas para alcançar um só objetivo: retirar do porto de Setúbal a cocaína que chegava escondida em contentores marítimos. Contratados por cartéis oriundos da Colômbia, de onde a droga partia em direção à Europa, os estivadores recorriam a diferentes métodos. Na maioria dos casos, eram os próprios que, com informação fornecida pelos cartéis, abriam os contentores, retiravam a droga e faziam-na passar, discretamente, pelos portões do porto. Noutras situações, a droga era carregada para camiões controlados pelo grupo e disfarçada entre a carga legal que essas viaturas transportavam.
Apesar de liderado pelos dois estivadores detidos, ambos a trabalhar há vários anos em Setúbal e sem antecedentes criminais, o grupo criminoso contava com a participação de outros elementos externos ao porto.
Um deles, cujo papel ainda está a ser apurado, é militar no Destacamento de Trânsito de Coina da GNR.
Casos
Polícias detidos
A Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes descobriu a participação dos estivadores no tráfico de droga na investigação de três casos. Num deles, dois polícias foram detidos quando, em agosto de 2020, se preparavam para transportar 375 quilos de cocaína.
Droga em bananas
Em janeiro de 2020, os estivadores também ajudaram a traficar 825 quilos de droga apreendidos em caixas de bananas, num armazém do Norte. Tinham feito o mesmo em abril de 2019.