Diretor da PJ convencido de que continuará no cargo apesar de Montenegro manter tabu
O diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ), Luís Neves, mostrou-se esta segunda-feira disponível para permanecer no cargo por mais três anos e defendeu que, se a sua recondução não fosse certa, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, não teria comparecido hoje no 79.º aniversário da instituição.
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"Se não fosse para que tal sucedesse, estou convencido de que o senhor primeiro-ministro eximia-se a ter estado aqui hoje connosco", afirmou aos jornalistas, à margem da cerimónia, em Lisboa, Luís Neves, em gestão desde 19 de junho deste ano, 2024.
À chegada à sede da PJ, Luís Montenegro garantira ter já tomado uma decisão quanto a quem será o próximo diretor da PJ, mas escusou-se a confirmar se será Luís Neves. A posição foi mais tarde secundada pela ministra da Justiça.
"Nós temos uma decisão tomada, o senhor primeiro-ministro e eu, será comunicada em breve. [...] Muito em breve terão notícias", afirmou, aos jornalistas, Rita Alarcão Júdice.
Minutos depois, o diretor da PJ assegurou que "a decisão será conhecida nos próximos dias". Questionado se espera ser reconduzido no cargo que ocupa desde 18 de junho de 2018, Luís Neves respondeu que sim. "Eu acho que isso já não é tabu para ninguém, não é questão para ninguém. Se não fosse para que tal sucedesse, estou convencido de que o senhor primeiro-ministro eximia-se a ter estado aqui hoje connosco", defendeu, já depois de ter puxado dos galões por ter sido possível, sob sua liderança, "reabilitar" a instituição.
Elogia "apoio" da tutela
"Temos mais gente, gente mais jovem, estamos a incluir os elementos que vieram do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, estamos a criar condições em todo o país - em Braga, em Faro, em Setúbal, em Ponta Delgada - para que as pessoas tenham condições", sintetizou. Esta segunda-feira, foi inaugurado por Luís Montenegro e Rita Alarcão Júdice o Laboratório Digital Forense, um projeto "há muito" ansiado por Luís Neves.
No seu discurso, recordara que, quando assumiu funções, a PJ tinha apenas 968 inspetores com uma média etária a rondar os 50 anos, "não recrutava qualquer expert para as áreas periciais" há "mais de dez anos", usava "equipamentos informáticos" provenientes das secretarias judiciais, com oito anos, dependia de um orçamento de crescimento, desde 2005, "nulo, contrariamente ao que sucedia com as demais forças e serviços de segurança".
Aos jornalistas, o dirigente elogiou, de resto, "o apoio total e inexcedível" que a instituição tem tido por parte do Ministério da Justiça na atual legislatura, sem deixar de lembrar que, além de ser tutelada pelo Governo, a PJ responde também à Procuradoria-Geral da República. "A relevância que o procurador-geral da República dá a quem aqui está é importante para a tomada de decisão do Governo [quanto à sua recondução ou não]. Sem grandes tabus, sem grandes problemas. Não há questão absolutamente nenhuma", insistiu.
Na sua intervenção, Luís Montenegro falara num "novo ciclo", que associou à tomada de posse, a 12 de outubro, do atual procurador-geral da República, Amadeu Guerra.