A vice-presidente de um centro de acolhimento sem-abrigo da zona de Guimarães obrigava os utentes pedir esmola. Em 2019, uma delas não conseguiu arranjar os 40 euros exigidos e a mulher deu-lhe um golpe no pescoço, com uma tesoura.
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O caso valeu-lhe a condenação a quatro anos e oito meses de prisão, suspensos, - por tentativa de homicídio - e o pagamento à vítima de cinco mil euros por danos morais e 20 mil por danos físicos. Decisão agora confirmada pelo Tribunal da Relação, que reduziu, no entanto, de 20 para dez mil a segunda indemnização.
Margaryta Stryeltsova dirigia, com o marido, a instituição que se dedicava a dar apoio a pessoas com todo o tipo de problemas sociais. Os utentes ficavam alojados numa habitação, na sede do Centro.
Em fevereiro de 2019, às 21 horas, a arguida e o marido deslocaram-se à habitação para se inteirarem dos peditórios feitos pelos utentes. Segundo o acórdão, "como a ofendida não atingiu os objetivos, 40 euros diários, iniciou-se uma discussão, encaminhando-se todos para o exterior da habitação". "Nesse contexto, a arguida, exaltada e excitada, e que estava munida de uma tesoura – com as pontas em forma de bico -, desferiu-lhe um golpe, atingindo-a no pescoço e causando-lhe um ferimento corto-contuso, que gerou uma pequena hemorragia incontrolável”.
A vítima, então toxicodependente, contou ao Tribunal que, de acordo com as “regras da casa”, tinham de fazer peditórios de segunda-feira a sábado. Não o conseguindo, tinham de compensar ao domingo. Além disso, realçou que a participação nos peditórios era difícil e fonte de grande desgaste para si e para o companheiro, porque este tinha vergonha e não queria pedir na rua, cabendo-lhe, por isso, angariar os 80 euros necessários para continuarem na instituição.
Após o crime, a utente foi assistida pelos Bombeiros Voluntários e pela VMER, sendo, de seguida, levada ao Hospital.