Especialistas exigem financiamento.
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Criminalizar o consumo de droga no espaço público, como defende o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, não é solução. Demolir bairros também não. E a repressão policial só leva a que o problema se transfira para outras latitudes. Esta é a opinião de quem trabalha com toxicodependentes e estuda o fenómeno.
"Se houver muito policiamento na Pasteleira Nova, os traficantes vão transferir-se para outro bairro", avisa o professor da Universidade do Porto Luís Fernandes. Com uma experiência de campo de décadas, o investigador defende que só "um modelo que permita aos consumidores ter acesso a drogas a baixo custo" significaria uma "machadada importante no tráfico".
Propõe, por isso, o alargamento da capacidade e horário da sala de consumo assistido já em funcionamento e a criação de uma estrutura semelhante noutro ponto da cidade.
Falta investimento
Jorge Rocha apoia estas propostas e acrescenta outra. "As equipas que trabalham com os consumidores, desde as que integram o Serviço Nacional de Saúde até às que são organizações não governamentais, devem possuir mais meios, sobretudo humanos", avança.
Com trabalho em quase todos os bairros feridos pelo tráfico, Jorge Rocha frisa que é necessário estabelecer com as associações "contratos-programa que deem estabilidade" a quem tenta salvar vidas. "Neste momento, o financiamento do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências não chega para pagar os ordenados dos nossos técnicos. Andamos a tapar o sol com a peneira", denuncia o dirigente da Arrimo.