Divergência quanto a autores dos subornos "atrasou" processo de Sócrates
Procuradores e juiz veem todos indícios de corrupção, mas têm teses distintas.
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É uma situação algo inusitada: uma década depois de José Sócrates ter sido detido ao aterrar em Lisboa proveniente de Paris (França), o antigo primeiro-ministro (2005-2011) é arguido em dois processos em que é suspeito de ter sido corrompido, em simultâneo, de duas formas contraditórias. A divergência, gerada pela decisão instrutória proferida em abril de 2021 pelo juiz Ivo Rosa, tem sido central na morosidade verificada desde então.
Em outubro de 2017, o Ministério Público (MP) acusou José Sócrates de, entre 2006 e 2015, ter acumulado um total de 34 milhões de euros de subornos de três fontes distintas: a administração do Grupo Lena; os sócios do resort de Vale do Lobo, no Algarve; e Ricardo Salgado, à data presidente do Banco Espírito Santo (BES), instituição acionista da então Portugal Telecom, atual Altice. As “luvas” teriam sido recebidas com recurso a testas de ferro, incluindo Carlos Santos Silva, empresário e amigo do antigo governante socialista.