O dono da E-Drive Option, Alberto Ramalho, pagou 80 mil euros para sair em liberdade. Suspeito de burla qualificada na venda de mais de uma centena de Renault Zoe elétricos, o proprietário do stand de Vilar, Vila do Conde, ficou ainda com apresentações bissemanais às autoridades. A Polícia Judiciária (PJ) acredita que Ramalho montou um esquema fraudulento que lhe rendeu mais de 700 mil euros.
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O caso foi denunciado pelo JN a 17 de janeiro. Alberto Ramalho vendeu mais de uma centena de carros importados como "viatura sem aluguer de bateria" e sem qualquer reserva no registo de propriedade. Meses depois, os donos eram surpreendidos com o bloqueio remoto das baterias por parte da financeira do grupo Renault, a Mobilize Financial Services (ex-RCI), "por falta de pagamento". Tinham todas contratos de aluguer celebrados no estrangeiro.
"Cada adquirente de viaturas - particulares, empresas e até as câmaras municipais de Oliveira do Bairro e Vila Pouca de Aguiar - foi surpreendido com a exigência de pagamentos de valores entre seis a oito mil euros [devidos pela compra das baterias], situações que ocorreram entre 2021 e a presente data", diz a PJ, que, esta quarta-feira, deteve Alberto Ramalho.
Na operação foram ainda feitas várias buscas a stands do mesmo proprietário - a E-Drive e a Cars2you -,bem como buscas domiciliárias. Foram apreendidas oito viaturas, documentação contratual e financeira e vários ficheiros informáticos
Agora, presente a primeiro interrogatório judicial, Alberto Ramalho ficou em liberdade, mas obrigado a pagar uma caução de 80 mil euros. Terá ainda que se apresentar duas vezes por semana no posto da GNR da sua área de residência.
Em janeiro, ao JN, Alberto Ramalho admitiu saber que os carros tinham contratos de aluguer celebrados no estrangeiro, mas alegou que os "contratos cessam com a exportação" e, como tal, considerava, nada tinham a pagar. Com os carros bloqueados, os proprietários desesperaram e muitos acabaram mesmo por perder milhares de euros, "forçados" a pagar as baterias para poderem circular. Avançaram para tribunal e, com o caso a gerar centenas de reclamações, a Mobilize avançou com uma queixa-crime contra o dono da E-Drive por burla qualificada.
Agora, quem comprou carro no stand de Vilar, Vila do Conde, só quer que se faça justiça. "Ele já admitiu que sabia que os carros tinham baterias alugadas e vendeu-os como tendo baterias próprias. A isso chama-se burla", diz João Almeida, um dos primeiros lesados, em 2021, que só lamenta os mais de dois anos de espera para ver a PJ travar o Alberto Ramalho.