Justo Montes, companheiro de Cristina Montes e pai de Esmeralda, os três arguidos pelo homicídio da pequena Jéssica, nega ter sequer contactado com a menina. "Não tenho nada a ver com o que aconteceu, não conhecia a menina, nem a mãe", disse Justo Montes ao coletivo de juízes no Tribunal de Setúbal.
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Justo é o único dos acusados do homicídio que vai falar em tribunal. Cristina, Esmeralda e Inês, a mãe de Jéssica, optaram por não prestar declarações.
Nas alegações, Justo diz que pouco privou com a menina em sua casa. "Eu saía de casa de manhã, voltava para almoçar e jantar e depois à noite para dormir".
O arguido contou que viu a menina chegar à sua casa acompanhada pela mãe. "Não as conhecia, só de passagem, mas ela não dava comida à filha". Tal declaração levou o juiz a questionar o arguido sobre como podia saber os detalhes da vida de Inês e Jéssica se só a a conhecia de passagem. Justo respondeu que ouviu Inês dizer isso quando entrou em sua casa, no momento em que passou por elas.
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Justo Montes alega não saber de nada do que aconteceu na sua casa no Beco do Pinhanha, pelo que o juiz mostrou as imagens da menina realizadas durante a autópsia. As imagens causaram consternação na face da procuradora, mas Justo continuou a negar saber o que poderá ter acontecido na sua casa que tivesse causado tais lesões.
"Não sei de nada", insistiu Justo, enquanto via impávido e sem qualquer emoção as fotografias de Jéssica.
O Tribunal questionou Justo sobre o alicate e tesoura que foram encontrados no seu casaco e que tinham vestígios de sangue de Jéssica, ao que Justo respondeu não saber como foram lá parar, nem quem os usava.
Todas as questões que o tribunal colocou foram respondidas com um não sei, exceto a utilização de isqueiros. "Usa isqueiros?", questionou o tribunal. "Sim, tenho sempre comigo e não deixo em lado nenhum", respondeu. "Então como é que o isqueiro que tinha no bolso do casaco tinha vestígios hemáticos da Jéssica?", retorquiu o juiz Pedro Godinho. Deu-se um momento mais tenso no tribunal. Justo indagou o juiz sobre se este estava a querer dizer que tinha queimado a menina, tendo o juiz interrompido imediatamente. "Nesta sala de audiências sou eu que faço as questões", disse o juiz. Justo pediu desculpa e continuou a negar conhecimento sobre o que aconteceu à menina na sua casa.