Eduardo Montes, filho de Justo e de Ana Cristina, acusado de violação da pequena Jéssica para tráfico de droga, negou, esta terça-feira de manhã, em tribunal, todas as acusações. Morava por cima da casa do terror, admitiu ter ficado chocado com a morte da menina e negou ter visto a menina na semana do crime.
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Ao juiz presidente do coletivo, começou por dizer que esteve em Espanha de férias em parte da semana de terror para a menina de 3 anos.
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Jéssica esteve em casa dos arguidos entre dia 14 e dia 20 de junho de 2021, na semana em que foi agredida brutalmente até à morte por uma dívida da mãe, Inês Sanches. Eduardo, que morava por cima da casa em que Jéssica terá estado em cativeiro, referiu ter estado ausente entre os dias 16 e 18 e negou ter visto ou ouvido a menina nos outros dias.
"A única vez que vi a criança foi dois meses antes do que aconteceu", disse. "Vi quando desci as escadas do prédio, espreitei para dentro de casa da minha mãe, vi a menina e perguntei quem era. Ela disse que era a filha duma amiga que tinha ido trabalhar e pediu para tomar conta. Eu alertei que não tinha condições para ter crianças", contou Eduardo Montes.
Na semana do crime, negou ouvir qualquer grito proveniente da casa dos seus pais ou ter visto a menina no período em que lá esteve. "No sábado, dia 18, cheguei a casa de manhã, não fiz nada, no domingo fui às compras e regressei. Fiquei com a minha mulher e filhos em casa a ver filmes. Na segunda-feira, levei os meus filhos à escola e fui dar um passeio com a minha mulher", contou ao juiz presidente do coletivo. Foi na segunda-feira, dia 20, que Jéssica morreu.
Eduardo conta que não esteve em casa o dia inteiro, nessa segunda-feira. Depois do almoço com a mulher, "fui buscar os meus filhos à escola e voltei para casa, quando vi um carro da polícia". Era a Polícia Judiciária de Setúbal.
Foi Eduardo quem abriu a porta de casa dos pais à Polícia Judiciária de Setúbal. "Não sabia o que estava a acontecer nem estranhei nada do que estava no interior de casa porque raramente ia lá". Eduardo negou ainda traficar ou consumir droga.
"A Inês era amiga da minha mãe e irmã há dez anos"
Eduardo Montes contou ao tribunal que conhecia Inês Sanches de vista, por ser amiga da mãe e da irmã, Ana Cristina e Esmeralda, há quase dez anos. "Vi a Inês umas três ou quatro vezes em casa da minha mãe", contou ao juiz-presidente Pedro Godinho. Pouco depois, ao detalhar essa relação de amizade, contou que Inês ia à sua casa várias vezes, a um ritmo semanal, mas nunca a viu com a filha, Jéssica.
O juiz-presidente encontrou nas alegações de Eduardo uma contradição que quis esclarecer. "Se conhecia Inês há tanto tempo de vista, se a via na casa da sua mãe, quando viu a menina meses antes, a sua mãe não lhe disse que se tratava da filha de Inês?", questionou. Eduardo negou. "Não sabia que a Inês tinha uma filha, nesse momento em que vi a menina, a minha mãe disse que era filha de uma amiga, não da Inês".
O arguido negou inclusive ter consumido estupefacientes com o antigo companheiro de Inês, pai de Jéssica. A investigação apurou que foi desse modo que Inês conheceu a família que viria a matar a criança. "Nunca convivi com essa pessoa. Conhecia-o de vista por ser o companheiro da Inês, a amiga da minha mãe e irmã", disse.