O ex-autarca de Vinhais, Américo Pereira, diz que a secretária de Estado da Agricultura, empossada ontem, e com quem é casado, não está envolvida no processo relacionado com a compra de terrenos do antigo seminário desta vila, em que é arguido, em conjunto com um empresário e um padre. "Ela não tem nada a ver com isto", garante.
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"Tenho que me defender, não posso ouvir falsidades e ficar calado", começou por explicar o ex-autarca de Vinhais aos jornalistas, durante uma conferência de imprensa realizada esta quinta-feira em Vinhais.
"Não faz sentido que num caso que só a mim diz respeito seja envolvida, numa altura em que é chamada para o Governo para desempenhar funções de grande dignidade, com toda a competência em termos intelectuais e técnicos", explicou Américo Pereira.
Esta quinta-feira de manhã, ficou a saber-se que a nova secretária de Estado da Agricultura, Carla Alves, tem as contas bancárias arrestadas por causa de um processo judicial que envolve o marido.
Em defesa pessoal e da esposa, o ex-autarca explica que o que foi "arrestado foi o saldo das contas bancárias que existiam em março de 2022", e apenas "uma conta" em que Carla Soares era também titular.
Alegando que a discrepância patrimonial se explica por um "erro contabilístico", diz que tem justificações para todas as entradas e saídas de dinheiro, garantindo que não há "nenhuma entrada ilícita".
"O envolvimento da minha mulher é zero. É uma vergonha uma situação destas", defendeu. "Ela não tem rigorosamente nada a ver com isto. Vou-me defender", explicou o advogado de profissão.
Carla Alves não é arguida no processo
O antigo autarca transmontano foi acusado pelo Ministério Público, em março de 2022, de vários crimes relacionados com o negócio de compra de terrenos do seminário daquela vila, num processo que envolve mais dois arguidos, um empresário e um padre.
Segundo Américo Pereira "ela já foi ao processo dizer que não tem nada que ver com o assunto, porque não fez nenhum negócio, nunca foi autarca, nem tem nada a ver com este processo-crime".
No âmbito desse processo foram ordenados arrestos preventivos no património dos arguidos. Depois de realizada a investigação patrimonial e financeira ao respetivo património, apurou-se que aqueles "são detentores de património incongruente e não declarado fiscalmente, num valor superior a mais de 3, 5 milhões de euros", segundo calculou o Ministério Público, que requereu que a quantia seja declarado perdido a favor do Estado.
"Estão a fazer o aproveitamento desta situação para algo que não tem nada que ver, porque a minha mulher não tem rigorosamente nada que ver com o processo, que é meu, e eu cá estou para me defender", afirmou o arguido.