Mais de 70 pessoas foram acusadas dos crimes de associação criminosa, branqueamento e falsidade informática pelo DIAP de Faro. Entre os arguidos, de nacionalidades portuguesa, brasileira e africana, estão elementos da organização criminosa brasileira Primeiro Comando da Capital (PCC) que se dedicavam ao "phishing".
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Através de mensagens falsas, os criminosos convenciam as vítimas a aceder a páginas idênticas às de instituições bancárias. Julgando estar nos sites dos seus bancos, as vítimas inseriam as credencias de acesso. Ao ficar com estes dados, imediatamente os criminosos iam até ao site do banco, entravam na conta bancária da vítima e programavam uma transferência bancária para a conta de um cúmplice.
Depois, fazendo-se passar por um funcionário do banco, telefonavam para a vítima informando-a de que tinham detetado uma operação bancária suspeita. Porém, para a anularem necessitavam do código que o banco lhe iria enviar para o telemóvel para comprovar a sua identidade. E encaminhavam a vítima para uma segunda página falsa onde espelhavam a operação fraudulenta.
Ao ver a operação prestes a realizar-se, a vítima ainda mais convencida ficava de que estava a falar com funcionários do banco. Os arguidos então rapidamente confirmavam a transferência no site do banco. O banco enviava o código de confirmação para o telemóvel da vítima que, depois, o transmitia aos burlões pensando que estava a anular a transferência quando, na realidade, estava a dar o código para a validar. Na posse do dinheiro, os criminosos faziam circular a verba por várias contas bancárias entre Portugal e Brasil, de modo a ser branqueado e difícil de rastrear.
Segundo um comunicado do MP de Faro, "o êxito do crime está na rapidez com as operações informáticas são executadas através de computadores que podem estar alojados num terceiro país e na credibilidade que os arguidos põe no diálogo com a vitima". Aliás, a organização está bem estruturada e os arguidos possuem tarefas específicas: há os que se ocupam da parte informática, os que telefonam às vítimas e os que disponibilizam contas bancárias para fazer circular o dinheiro.
A investigação, a cargo da Polícia Judiciária, permitiu que, a 22 de abril, o diretor do DIAP de Faro acusasse 30 portugueses e portuguesas, 29 brasileiros e brasileiras, 12 africanos e africanas pelos crimes de associação criminosa, branqueamento e de falsidade informática.