No julgamento do caso conhecido por "Malapata", que começou esta segunda-feira, no Porto, José Meira, dono de uma empresa de transporte de mercadorias acusado de branqueamento de capitais, também confessou ter passado uma fatura fictícia, no valor de 26 mil euros, ao agente de jogadores.
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Tal como o JN avançou, César Boaventura está acusado de dez crimes, dos quais cinco são de burla qualificada, três de falsificação de documentos, um de fraude fiscal qualificada e outro de branqueamento de capitais.
No mesmo caso, que remonta já a abril e maio de 2016, estão ainda acusados outros quatro arguidos: Ramiro Viana, descrito na acusação como “homem de recados” de César Boaventura; José Meira, gerente da empresa Transdrive, Unipessoal, Lda., e Ilda Barbosa e Paulo Torres, detentores de contas que o Ministério Público diz terem sido utilizadas para branqueamento de capitais.
Nesta segunda-feira, José Meira foi o único dos arguidos que quis prestar declarações e, ao juiz, contou que César Boaventura lhe pediu para usar uma das suas contas bancárias “para pagar despesas pequenas da casa, como a luz e água”. Explicou também que o agente de jogadores justificou o pedido com o facto de não ter conta bancária em Portugal e, acreditando nas palavras de Boaventura, entregou-lhe, então, um cartão bancário, que tinha apenas 200 euros de saldo. Esta quantia, disse, seria devolvida mais tarde.
No entanto, e conforme o juiz salientou, por esta conta passaram muito mais do que os 200 euros iniciais e, em três meses, foram depositados cerca de 167 mil euros. Um montante que José Meira afirmou desconhecer por não ter acesso aos extratos.
Fatura a pedido
José Meira confessou, igualmente, que passou uma fatura, no valor de 26 mil euros, ao empresário de futebol. “Até passei três [faturas], porque primeiro ele pedia com IVA, depois queria sem IVA e, mais tarde, já queria que fosse emitida no nome de outra empresa”, explicou.
Para o MP, “ao emitir a fatura por solicitação do arguido César Boaventura”, José Meira tinha “a consciência de que os valores e serviços neles contidos não se tinham verificado, sendo por isso falsos”. Versão que, em tribunal, Meira negou.
O julgamento foi suspenso a meio da manhã e continuará na próxima quinta-feira. Nessa audiência já não marcará presença nem José Meira, nem Ramiro Viana, outro dos arguidos. Ambos foram dispensados por “motivos profissionais”.