Contratos suspeitos de 700 mil euros motivam buscas em empresas municipais de Lisboa
Adjudicações diretas de 700 mil euros a duas empresas detidas por advogado motivam buscas da Polícia Judiciária.
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Suspeitas de viciação de contratos entre duas firmas de consultadoria e informática, as empresas municipais de Lisboa Gebalis e EMEL e as juntas de freguesia de Santa Maria Maior, Misericórdia e São Vicente, levaram a Polícia Judiciária (PJ) a realizar, esta quarta-feira, buscas em todos estes alvos e no escritório de um advogado da capital que é sócio de ambas as firmas e foi constituído arguido. Em causa estão mais de 700 mil euros em adjudicações diretas às empresas privadas, entre 2010 e 2017. Serviços da Assembleia Municipal de Lisboa também foram alvos de busca.
De acordo com informações recolhidas pelo JN, a investigação da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) da PJ recolheu indícios de que na origem dos contratos de adjudicação direta às empresas Sportix e Versus estejam crimes de corrupção, participação económica em negócio e recebimento indevido de vantagem. Estas firmas terão sido favorecidas, em detrimento de outras em contratos para fornecimento de serviços de informática, desenvolvimento ou implementando projetos.
O advogado Jorge Oliveira, sócio das empresas visadas, é suspeito de ter beneficiado de uma relação de proximidade que tem com o antigo presidente da Gebalis, a empresa que gere os bairros municipais, e que atualmente está na administração da EMEL - Empresa de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa.
Luís Marques não foi constituído arguido, nem alvo de buscas domiciliárias. Em causa estão perto de 30 adjudicações que as entidades públicas celebraram com a Sportix e a Versus entre 2010 e 2017. Os serviços poderão ter sido sobrefaturados ou até duplicados.
Assembleia colabora
A Assembleia Municipal de Lisboa confirmou ontem as buscas, em comunicado, e garante que a Polícia Judiciária "está a contar com todo o apoio dos serviços da Assembleia".
Documentos
Também a Junta de Santa Maria Maior confirmou as buscas, explicando que a "Polícia Judiciária procedeu à recolha de documentação, designadamente contratos de prestação de serviços, procedimento que contou com a prontidão e cooperação dos serviços da Autarquia".