Julieta terá falecido em março de 2020, em Mirandela, ma casa onde vivia com o filho, detido por profanação de cadáver. Reforma era superior a mil euros.
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Nuno Albino, o homem de 50 anos, de Mirandela, indiciado pelo crime de profanação do cadáver da mãe, cuja morte escondeu, terá recebido mais de 37 mil euros referentes ao valor total da pensão que a progenitora tinha direito, caso estivesse viva, entre março de 2020 e outubro de 2022. O suspeito aguarda o desenrolar do processo em liberdade, mas sujeito a apresentações diárias à PSP.
Enquanto não houver resultados da autópsia, a realizar no Porto, no Instituto Nacional de Medicina Legal, não se saberá com exatidão quando e como morrido Julieta Gomes. Mas haverá alguns indícios que levam a Polícia Judiciária (PJ) de Vila Real a suspeitar que a mulher, de 70 anos, morreu em fevereiro ou março de 2020 e que o filho escondeu o óbito para receber a pensão da mãe. É sobre este quadro que decorrem as investigações, apurou o JN.
A antiga auxiliar de ação médica no hospital de Mirandela tinha uma reforma mensal superior a mil euros, resultante da pensão de velhice e de sobrevivência, após a morte do marido, há nove anos. "Foi desde a altura que o marido morreu que as complicações começaram entre ela e o filho. Tratavam-se muito mal", conta um morador nas imediações da casa onde viviam Nuno e Julieta, que não quis identificar-se.
Vizinho notou ausência
"Não quero problemas, mas houve tempos em que ele saía de casa às oito da manhã e só regressava à noite, não sei se lhe deixava a medicação ou de comer durante o dia", afirma o vizinho, adiantando que já não via Julieta há muito tempo. "Não sei precisar desde quando, mas certamente há mais de um ano", diz.
A própria PSP não terá conseguido notificar Julieta, que sofria de Alzheimer, no âmbito de um processo relacionado com violência doméstica e comunicou o facto ao tribunal.
O Ministério Público instaurou um inquérito e Nuno Albino foi detido pela PJ fez ontem uma semana, no dia em que foi descoberto o cadáver da mãe em avançado estado de decomposição sobre uma cama, na habitação onde vivia com o filho.
Ao arguido não se conhece qualquer profissão desde 2012, ano em que deixou de gerir um bar na cidade de Mirandela. Também ao que o JN apurou, há mais de nove anos que não está inscrito no Centro de Emprego, fazendo apenas trabalhos esporádicos.
Sem consultas médicas
Julieta Gomes padecia igualmente de problemas do foro psiquiátrico que se agravaram em 2016. Esteve internada mais de um mês e foi acompanhada até ao verão de 2019.
Desde então, apurou o JN, não há qualquer registo de consultas médicas, nem no centro de saúde nem no hospital local.