"Vitória" foi sujeita a exploração laboral dos dois aos 14 anos. Sentença por tráfico de pessoas é conhecida esta sexta-feira.
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Entre os dois e os 14 anos, “Vitória” foi obrigada a dormir no chão, a limpar casas de banho e a trabalhar na apanha da maçã. Também foi forçada a banhos de água fria no inverno de Trás-os-Montes e a cuidar dos bebés da família que a escravizou. E nunca pôde chamar mãe à mãe, que, como ela, foi vítima de tráfico de seres humanos para exploração laboral. Mais de 12 anos após ter sido resgatada pela Polícia Judiciária (PJ) de uma quinta de Alfândega da Fé, “Vitória” ainda tem medo de quem a agrediu com chicote, sobretudo porque os sete elementos da família acusada de tráfico de pessoas, escravidão, sequestro, coação, tentativa de aborto e burla continuam em liberdade. A sentença só será conhecida hoje, no Tribunal de Bragança.
“Queria deixar tudo para trás, mas para isso acontecer preciso que haja uma decisão do tribunal. Quero que seja feita justiça pelo que me fizeram e ter a certeza de que não fazem o mesmo a outras pessoas”, explica “Vitória”. De mãos inquietas, a agora mulher de 26 anos desabafa: “Não percebo como é que um tribunal demora mais de 12 anos a decidir um caso”.