Bruno Domingos, que começou ontem a ser julgado por homicídio, declarou ao Tribunal de Lisboa que agrediu o ex-sogro depois de ele lhe confessar que tinha abusado sexualmente da neta (filha do arguido). O torneiro mecânico de 34 anos, que está em prisão preventiva, também disse que estava "muito bêbado" quando arrombou a porta de casa da vítima e a esmurrou várias vezes, mas garantiu tê-la deixado consciente.
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O crime ocorreu em Marvila, Lisboa, a 29 de janeiro de 2022. O arguido tinha estado na "Casinha da Juve Leo", a ver um jogo de futebol entre o Sporting e o Benfica, e ainda num café em Marvila. Bebeu cerveja e Licor Beirão. Depois, estando perto da casa do antigo sogro, decidiu ir confrontá-lo com as suas suspeitas. Luís Costa, o ex-sogro, tinha sido investigado por abuso sexual da neta, mas o processo-crime fora arquivado.
"Fui à casa dele para falar, estava muito bêbedo", contou Domingos. "Assim que me viu, pediu-me desculpa e eu perguntei "então é verdade, violaste a minha filha", e ele disse que sim. Então comecei a agredi-lo a murro, mas não o matei", assegurou o arguido, contando que este, "no fim", disse-lhe que "ia chamar a polícia". "Estava consciente".
Bruno Domingos disse que ainda esperou pela polícia na porta do prédio, mas foi convencido por vizinhos a abandonar o local. Dirigiu-se para perto da sua casa, em Chelas, e esteve com amigos até às seis horas da manhã. "Só quatro dias depois soube que ele tinha falecido. Fui contactar um advogado e entreguei-me às autoridades", explicou ao tribunal.
"Acha bem fazer justiça pelas próprias mãos?", perguntou ao arguido a juíza do Tribunal de Lisboa. "Se não queria bater na vítima, [se queria] só falar com ele, não tinha arrombado a porta".
O antigo sogro de Bruno faleceu no hospital horas depois de ser assistido, pelo INEM, na sua casa.
Criança afastada do avô
A suspeita dos referidos abusos sexuais surgiram quando os dois filhos de Bruno Domingos moravam com a mãe e o avô materno. Em 2018, a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco interveio e os menores foram viver com o pai e a nova companheira deste. Por seu turno, o Público instaurou um inquérito criminal, que acabaria arquivado, por falta de provas.
Bruno está preso, mas a filha, hoje com dez anos, continua a morar com a sua nova companheira.