Programa da PSP, iniciado em maio de 2016, entregou 10 mil braceletes e já ajudou a localizar idosos doentes ou desorientados em todo o país.
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O programa "Estou Aqui! Adultos", promovido pela Polícia de Segurança Pública (PSP), já distribuiu 10 777 pulseiras, 217 este ano, e tem 3080 pulseiras ativas. O mais recente caso de sucesso ocorreu no passado dia 15, em que foi localizada uma mulher de 86 anos a "deambular na via pública, sozinha, e com sinais de desorientação", conta a PSP ao JN.
Em 2021, foram distribuídas 1566 pulseiras e localizados oito idosos. Iniciado oficialmente em maio de 2016, o projeto tem como objetivo ajudar a localizar "toda a comunidade adulta que sofre de alguma patologia ou possa vir a ter algum momento de desorientação na via pública".
Depois do primeiro programa "Estou Aqui!", criado para localizar crianças que se encontram perdidas, a versão para os adultos tem permitido encontrar, sobretudo, cidadãos entre os 70 e 89 anos. A Alzheimer Portugal, um dos parceiros da iniciativa, recomenda o mecanismo para ajudar a localizar pessoas perdidas. A cidadã encontrada na Figueira da Foz é um dos casos de sucesso deste programa. Como tinha a pulseira, "foi ativado o protocolo que permitiu a sua identificação e um célere contacto com os seus familiares, tendo sido a senhora entregue à sua família em segurança", relata a PSP. Aliás, um caso semelhante aconteceu a 11 de dezembro do ano passado, em Faro, em que um idoso foi visto num supermercado, demonstrando "claros sinais de desorientação".
Pulseira de cor neutra
Uma funcionária daquele estabelecimento contactou a PSP e, através da pulseira, foi possível contactar o filho, "que ainda não tinha tido conhecimento do desaparecimento do pai, uma vez que o mesmo estava à responsabilidade de um cuidador". O cidadão localizado não tinha qualquer documento consigo e apenas se lembrava do seu nome. "Esta situação ocorreu precisamente no dia de aniversário do idoso", explica a PSP em resposta ao JN.
Muitas vezes, é possível localizar um cidadão antes da família ou dos cuidadores/instituições terem comunicado o seu desaparecimento às autoridades. As pulseiras, compostas por uma fita de tecido e uma chapa metálica, são gratuitas e têm uma cor neutra para não "estigmatizar", esclarece ainda. Com validade de dois anos, podem ser pedidas pelos familiares e são levantadas e validadas numa esquadra. O programa, criado em parceria com a Fundação Altice, fará seis anos em maio.
Sérgio encontra pai após quatro saídas de casa
Para os familiares de pessoas que sofrem de doenças do foro psicológico, como Alzheimer, não saber do paradeiro do seu ente querido é uma preocupação real. Depois de algumas situações em que não sabia onde estava o pai, Sérgio Andrade, 51 anos, pediu uma pulseira do "Estou Aqui! Adultos". Desde a adesão, realizada entre 2019 e 2020, já foi possível localizar o pai quatro vezes. Ao JN, Sérgio Andrade contou que, devido à doença de Alzheimer, o pai já não tem capacidade de orientação e, "quando saía de casa, rapidamente se desorientava". Com a pulseira, "nas vezes seguintes que isso aconteceu, já não tínhamos tanta preocupação", contou. O pai "acabava por encontrar alguém que chamava a PSP". Foi o que aconteceu em Faro, numa das últimas vezes que o idoso foi encontrado, sendo possível promover o rápido reencontro. Sérgio Andrade sublinhou o bom funcionamento do programa e a afabilidade das autoridades. "É um programa que funciona" e evita que a família fique com o coração nas mãos.
Como funciona
Código identificador
As pulseiras possuem um código alfanumérico que, após ligar para o 112 a informar da ocorrência, permite à PSP identificar a pessoa e ligar para contactos de emergência.
Rápido reencontro
Depois de localizada, a PSP envia unidades para o local. Os agentes dão conta da ocorrência e contactam a família ou a instituição responsável. Segundo a PSP, a iniciativa permite o rápido reencontro e localização de cidadãos perdidos.