Arguido começou na terça-feira a ser julgado na ausência. Tentou angariar fundos para uma suposta vítima de Pedrógão.
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Ao longo de 2017, um antigo relações-públicas de figuras do jet-set português fez-se passar por um consultor de Marcelo Rebelo de Sousa para tentar obter bens e dinheiro junto de conhecidos empresários portugueses, em nome do presidente da República. Em causa estava uma suposta angariação de dinheiro para cirurgia a uma vítima, fictícia, dos incêndios de Pedrógão Grande, em nome do chefe do Estado. O indivíduo que começou ontem a ser julgado na ausência, no Tribunal de Lisboa, está em parte incerta. Nem o advogado dele consegue contactá-lo há dois meses.
O Ministério Público (MP) acusa-o de sete crimes de abuso de designação e um de falsidade de informática. Alexandre Alves Ferreira fez-se passar por Duarte Vaz Pinto, consultor de Marcelo Rebelo de Sousa que em tribunal se queixou da pressão a que foi submetido por ver o seu nome falsamente utilizado. "Numa ocasião, quando o presidente da Calouste Gulbenkian disse diretamente a Marcelo que eu lhe tinha ligado às seis da madrugada, o presidente olhou-me de lado e tive que explicar que não fiz nada". Ao JN, o consultor considera que o arguido utilizou o seu nome por vê-lo numa reportagem transmitida pela TVI sobre a campanha eleitoral.
O Ministério Público elenca na acusação vários telefonemas que o arguido fez a empresários portugueses e pessoas de renome fazendo-se passar por Duarte Vaz Pinto. Em nenhum conseguiu obter os bens solicitados.
Fundação de Serralves, Imperial, Museu Berardo, Grupo Sogrape, Grupo Amorim ou Fundação Calouste Gulbenkian foram outras entidades que o arguido tentou ou conseguiu contactar.
Em duas das ocasiões, no final de 2017, Alexandre Alves Ferreira tentou que Leonor Freitas, da Casa Ermelinda Freitas, e Manuel Viola, do Grupo Violas que detém a Solverde, lhe transferissem para a conta da sua mãe seis mil euros.
A transferência teria que ser imediata. Alegava haver o risco de a vítima falecer, mas os empresários não a realizaram porque verificavam junto da Casa Civil do Presidente que se tratava de uma mentira.
Pormenores
Indemnização
Duarte Vaz Pinto pediu uma indemnização por danos morais. O valor, que não foi revelado mas considerado simbólico, será em benefício de uma associação de vítimas de Pedrógão Grande.
Problemas de saúde
No tribunal, foi considerada a hipótese de Alexandre ter falecido devido a problemas de saúde, mas constatou-se que o seu cartão de cidadão se encontrava válido. Foi multado por falta de comparência. Poderá ser emitido um mandado de captura.