Os ânimos exaltaram-se, ao início da tarde desta segunda-feira, no Campus de Justiça de Lisboa depois de cerca de 50 lesados do Banco Espírito Santo (BES), muitos deles emigrantes, se terem apercebido de que não conseguiriam assistir todos à leitura da decisão instrutória, por falta de lugares na sala de audiências.
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Num momento particularmente tenso, a PSP chegou a ordenar, sem sucesso, que o ex-clientes do banco se afastassem do tribunal. No final, acabaram por entrar só 18 pessoas.
Prudêncio Gomes Lima, emigrante em França e atualmente de férias em Monção, Alto Minho, foi um dos que não pôde assistir à audiência. “É uma falta de respeito. Deslocámo-nos de longe para ficar à porta”, lamentou, ao JN, o português de 67 anos, sem esconder a satisfação pela ida a julgamento do ex-banqueiro Ricardo Salgado, de 79 anos, por 65 crimes.
“Mas ainda falta o resto”, ressalva, ciente de que pode demorar bastante até que exista uma eventual condenação nos tribunais.
No total, Prudêncio Gomes Lima perdeu, com o colapso do BES, 250 mil euros investidos em aplicações financeiras que “nem sabia estar a subscrever”. Desde 2014, “pouco” dinheiro recuperou e, por isso, os últimos nove anos têm sido “um bocado duros”: “Uma pessoa não dorme, sempre a pensar nesta coisa do dinheiro. Uma vida a trabalhar em França e depois...”
Esta segunda-feira, foi um dos lesados que, perante a ausência de Ricardo Salgado, elegeram os advogados do ex-banqueiro como alvo. Adriano Squilacce e Francisco Proença de Carvalho insistiram, tranquilamente, que a responsabilidade foi do Estado, mas não evitaram ouvir que “estão a ser pagos” com dinheiro “roubado” ao ex-clientes do BES.