Vítima tinha um filho de 11 anos que ficou com a avó materna. Ambos reclamam uma indemnização ao homicida.
Corpo do artigo
A família de Sónia Escobar, a mulher assassinada pelo ex-companheiro, em julho do ano passado, numa loja da zona da Areosa, no Porto, exige 225 mil euros ao homem recentemente acusado de homicídio qualificado. A mãe da vítima reclama o dinheiro em nome do neto de quem tomou conta, após o crime.
“Tendo presente que é impossível atribuir um valor à vida humana e apesar de não haver dinheiro no Mundo que apague a dor e angústia pela perda de uma filha e mãe, os assistentes entendem que deve ser fixado um valor que minimize, o mais possível, tamanha dor”, lê-se no pedido de indemnização remetido ao processo, que irá ser julgado por um coletivo de juízes, no Tribunal de S. João Novo.
De acordo com a acusação, Paulo Nogueira, 51 anos, matou a ex-companheira com dois tiros de caçadeira à queima-roupa, na loja da vítima “Mais Essência”. Fê-lo por achar que Sónia, 48 anos, andava a gozar com ele. Pelo menos, foi o que afirmou ao irmão da vítima, num telefonema feito momentos após o crime.
O relacionamento entre o empresário de construção civil e a lojista durou cerca de cinco anos. Em novembro de 2023, Sónia decidiu terminar o namoro de vez, mas Paulo nunca aceitou. Movido por ciúmes, sem ela saber, colocou um GPS no carro dela e ainda instalou uma aplicação no telemóvel para lhe controlar todos os movimentos.
A 8 de julho do ano passado, viu que o carro de Sónia estava estacionado num posto de combustível em Gaia. Suspeitando que ela estaria com um namorado, Paulo saiu de casa, armado com a caçadeira do pai. Ficou à espera perto do carro dela das 14.30 às 18.30 horas, quando a viu chegar num carro com outro homem. Ficou louco de ciúmes. Uma hora depois, viu que Sónia estava na sua loja de fragrâncias, e foi ao seu encontro.
A porta da loja estava fechada. Pegou numa pesada chave de boca e partiu o vidro da porta. Regressou ao carro, deixou a chave e pegou na caçadeira. Entrou de arma empunhada e, a dois metros de Sónia, disparou dois tiros à queima-roupa.
Zoom
Prisão preventiva
Paulo Nogueira, de 51 anos, foi colocado em prisão preventiva pelo Tribunal de Instrução Criminal do Porto. Após o crime, entregou-se à GNR onde confessou o homicídio. Continua detido no Estabelecimento Prisional do Porto.
Arma em casa
Antes de se entregar à GNR, o homicida ainda deixou a arma do crime em casa dos pais, em Estarreja, onde residia. O pai de Paulo Nogueira limpou a arma e retirou os cartuchos. O Ministério Público entendeu que havia favorecimento, mas que o pai não podia ser criminalmente responsabilizado.