Seguros fazem depender pagamentos do fim do inquérito. INEM admite nada poder fazer.
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Mais de seis meses após o fatídico acidente com o helicóptero ao serviço do INEM, na serra de Pias, em Valongo, as famílias das quatro vítimas mortais ainda não foram indemnizadas pelas seguradoras. Os pagamentos estão dependentes da conclusão dos inquéritos que estão a decorrer e para os quais não há ainda um prazo para a sua conclusão. Quer o INEM quer a Babcock, empresa britânica que opera a frota das aeronaves de emergência médica, afirmam-se impotentes para agilizar o processo.
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Apesar de as negociações com as seguradoras terem arrancado logo após o acidente, com vista a estabelecer as indemnizações em relação a cada uma das vítimas, a verdade é que os familiares do médico Luís Vega, da enfermeira Daniela Silva, do piloto João Lima e do copiloto Luís Rosindo desconhecem quando e quanto irão receber. Em cima da mesa estão as apólices acionadas pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e as de responsabilidade civil a que a empresa é obrigada contratualmente a ter.
"A única garantia que temos é que as indemnizações avançam quando ficar concluído o inquérito. É claro que ninguém consegue fazer um luto completo enquanto isto continuar", admitiu, ao JN, Francisco Lima, filho do falecido comandante João Lima, uma das vítimas que serão hoje homenageados pela Câmara de Macedo de Cavaleiros, onde se localiza a base aérea a que o héli pertencia.
Investigação ainda no terreno
Há dois inquéritos a decorrer: um extrajudicial por ordem do primeiro-ministro, que nomeou o juiz desembargador Paulo Sá para o liderar, e sobre o qual não há nenhum prazo. E outro do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF).
Ao JN, fonte oficial do GPIAAF disse que "é intenção publicar o relatório até ao final do ano", havendo depois dois meses para as entidades do setor se pronunciarem. "A investigação está a seguir o seu curso", estando ainda a ser "recolhida informação", referiu.
Questionado pelo JN, o Ministério da Saúde delegou no INEM as explicações para este atraso, tendo o Instituto de Emergência Médica assegurado que "tem naturalmente procurado acompanhar este processo", além do apoio psicológico dado às famílias. A Babcock deu respostas semelhantes.
Um relatório preliminar do GPIAAF concluiu que a "queda da aeronave aconteceu na sequência da colisão com uma antena emissora existente na zona". O acidente mostrou na altura inúmeras falhas por parte da Navegação Aérea de Portugal - NAV Portugal, GNR, Proteção Civil e Força Aérea, na deteção do local da acidente e no envio de meios para o local.