Fernando Araújo, ex-administrador do Hospital de S. João e atual diretor do SNS, afirmou esta quinta-feira que os cirurgiões José Fougo e Álvaro Silva deviam ter respeitado a vontade de Susana Tomé, extraindo-lhe só uma mama. Ao invés, fizeram matectomia bilateral e respondem por ofensas corporais por negligência.
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A testemunha, que foi presidente do Conselho de Administração do S. João e é o atual diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde, foi chamado à audiência por Susana Tomé, a paciente que, em 2016, sentiu “o corpo violado”.
Fernando Araújo disse que, na altura, não tinha responsabilidades na administração. No entanto, como médico tem a certeza de que devia ter sido respeitada a vontade da doente.
O responsável também não achou “normal” que um cirurgião – no caso José Luís Fougo – operasse sem antes falar com a paciente. Salientou que “nunca” fez cirurgias, mas não duvida de que, em qualquer circunstância, “o que prevalece é a vontade do doente”.
Testemunhos unânimes
Rui Silva Leal, advogado de Susana Tomé, insistiu, aludindo ao facto de José Fougo não ter escutado a anestesista e as enfermeiras que, no bloco, o alertaram para a vontade da doente de só lhe tirarem a mama direita. Obteve como resposta, de novo, que, na dúvida, nada devia ter sido feito “sem antes falar com a paciente”.
O médico Moura Gonçalves, então responsável pela Unidade Autónoma de Gestão de Cirurgia, testemunhou que o consentimento da doente em papel acompanhou-a até ao bloco. E era por esse documento que o cirurgião tinha de “orientar e conformar as suas ações”, acrescentou.