Não foi a primeira vez que apareceram ratos no Centro de Formação de Portalegre da GNR, mas, no início deste mês, um dos animais foi caçado pelos futuros guardas numa das camaratas e o vídeo do momento publicado nas redes sociais. Muitos dos militares que o viram recordaram-se de episódios semelhantes vividos num antigo convento que há mais de 20 anos está para ser substituído. Entretanto, o Governo garante que estão em curso dois projetos para criar melhores condições aos formandos da Guarda. Um, avaliado em 140 mil euros, para remodelar as atuais instalações. Outro, ainda sem preço, para construir um novo centro de formação.
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O vídeo foi tornado público nesta semana e mostra quatro formandos a tentar matar um rato que se esconde debaixo das camas e dos armários, existentes numa das camaratas do Centro de Formação de Portalegre. Contudo, confirma a GNR, a situação ocorreu no dia 7 deste mês. "No próprio dia foram adotadas medidas de contenção, designadamente a mudança de compartimento dos formandos e a desinfeção de todos os compartimentos daquele bloco de alojamentos. No âmbito das medidas preventivas, foi ainda solicitado, através da Escola da Guarda, a desinfestação de todos os alojamentos do Centro de Formação de Portalegre", acrescenta fonte oficial.
Problemas antigos
Ao JN, a Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR) garante que a existência de ratos e outros insetos naquelas instalações não é uma novidade. Bem pelo contrário. "O Centro de Formação de Portalegre não dispõe de condições mínimas para os formandos há muito tempo. Aliás, há quase 20 anos que o Governo anda a prometer construir novas instalações", refere o coordenador da região Sul da APG/GNR, António Barreira.
O dirigente associativo destaca, entre outros exemplos, casas de banho sem sanita, urinóis partidos e desativados, portas partidas, água quente insuficiente e infiltração de ratos nos tetos falsos que se fazem ouvir durante a noite.
O Centro de Formação de Portalegre está a funcionar no Antigo Convento São Bernardo desde 1985 e, em 2018, a Câmara Municipal de Portalegre e o Ministério da Administração Interna (MAI) assinaram um protocolo para construir um novo centro de formação. No ano seguinte, o então ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, anunciou um investimento de 14 milhões de euros e, em janeiro de 2020, o mesmo governante anunciou que preço do projeto tinha subido para 20 milhões de euros. Porém, nada, além de uma rotunda que a ministra Ana Abrunhosa visitou no último dia 14, foi feito até agora.
Dois projetos em curso
Sem novas instalações, o Governo autorizou, em novembro do ano passado, a Secretaria-Geral do MAI a abrir um procedimento para a remodelação do balneário dos sargentos e substituição da cobertura do Centro de Formação de Portalegre. Até ao momento, esta obra, orçamentada em 140 mil euros, também não avançou.
"Com a publicação da referida portaria, a Secretaria-Geral do MAI promoveu o concurso público tendente à realização da empreitada. O procedimento de concurso público encontra-se em fase de adjudicação e após a qual se iniciará a obra", explica o gabinete do ministro José Luís Carneiro.
O MAI afirma, igualmente, que, "no que respeita à construção do novo centro de formação, foi lançado um concurso de conceção, estando o júri a preparar o relatório final". "Após a seleção, pelo júri, da proposta vencedora será elaborado o Projeto de Execução, cujo prazo é de 14 meses. Só após a conclusão do Projeto de Execução será possível promover o concurso público para a empreitada e concretizar o valor real do investimento", descreve.
Segundo o Governo, "ambos os procedimentos estão em curso e enquadrados na política do MAI, que tem como prioridades a valorização das carreiras dos elementos das forças de segurança, bem como das infraestruturas e dos equipamentos ao seu serviço".