Equipamento de proteção pessoal amparou bala apontada ao peito de militar da GNR. Sindicalista diz que higiene e operacionalidade custam caro a guardas.
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O militar da GNR atingido, na terça-feira, com dois tiros num supermercado no Seixal foi salvo pelo colete balístico comprado pelo próprio numa loja de armamento. Por razões de higiene, o militar, de 32 anos, optou por não usar um dos coletes que tinha à disposição no posto de Coruche. E, na tarde de terça-feira, foi salvo pelo equipamento pessoal, que amparou uma bala disparada contra o seu peito. A segunda entrou no abdómen, entre o colete e o cinturão que utilizava.
César Nogueira, presidente da Associação Profissional da Guarda, refere ao JN que a compra de coletes balísticos é uma prática comum entre os militares. "Enquanto o Governo continuar a distribuir os coletes pelos postos, em vez de os entregar aos militares, vão continuar a comprar o equipamento, por razões de higiene e operacionalidade". Cada colete pode chegar aos 800 euros e é, em regra, mais leve do que os que têm no posto.
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Na tarde de terça-feira, aquele militar que ficou ferido no abdómen acompanhava um colega do Núcleo de Investigação Criminal de Coruche para deter Miguel Abreu.
Este homem, de 43 anos, estava referenciado por roubos na zona de Coruche e Benavente, distrito de Santarém, e recaía sobre ele um mandado de detenção para cumprimento de uma pena de prisão. Os dois militares abordaram o suspeito no parque de estacionamento do supermercado e, no momento em que se identificaram, foram alvejados por Miguel Abreu. Um deles foi atingido no peito e abdómen, enquanto o outro ficou ferido numa perna. O suspeito ainda tentou a fuga, mas, na troca de tiros, acabou por ser atingido na traqueia. A mulher que o acompanhava foi baleada, sem gravidade, numa perna.
Os socorristas chamados ao local ainda fizeram manobras de reanimação e conseguiram, num primeiro momento, reverter a paragem cardíaca do suspeito. Já o militar ferido na barriga sofreu ferimentos considerados graves e foi transportado para o Hospital Garcia de Orta. No bloco operatório, foi-lhe removido parte do intestino, onde a bala estava alojada. Ontem, a GNR confirmou, ao JN, que ele se encontrava estável.
O ministro da Administração Interna anunciou a abertura de um inquérito sobre o tiroteio. Eduardo Cabrita vincou a necessidade de "apuramento dos factos e de eventuais responsabilidades", desejando "uma rápida e plena recuperação aos dois militares da GNR feridos nesta operação".
Estado de alerta
Colete obrigatório
A GNR de Setúbal ordenou ontem a todos os militares que utilizem coletes à prova de bala durante o serviço. A medida surgiu num documento, a que o JN teve acesso, dando conta de ameaças de morte proferidas contra a Guarda na sequência do tiroteio.
Postos fechados
Por se temerem represálias, ontem também houve ordem para que todos os territoriais de Setúbal se mantivessem de portas fechadas. Em ocorrências em zonas sensíveis, os militares foram aconselhados a não atuarem sozinhos, devendo pedir reforços aos destacamentos.