A gémea da grávida desaparecida da Murtosa há um ano e meio disse, esta quarta-feira de manhã, no Tribunal de Aveiro, que a irmã, após ter engravidado, só saía de casa à noite com Fernando Valente, o homem que está a ser julgado por homicídio e profanação de cadáver, entre outros crimes.
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Mónica Silva e Fernando Valente, vítima e suspeito, encontravam-se muitas vezes e "tudo entre eles batia muito certinho", disse a irmã daquela, Sara Silva, no julgamento a que o público e os jornalistas, por decisão do Tribunal de Aveiro, estão proibidos de assistir.
A relevância daquelas declarações de Sara Silva tem a ver com o facto de Fernando Valente afirmar que manteve relações sexuais com Mónica Silva uma única vez, em janeiro de 2023, pelo que não poderia ser o pai da criança, e nunca mais esteve pessoalmente com a mulher. Desde aquela altura, só teve "sexo virtual" com a vítima, diz.
Esta terça-feira, Sara Silva disse ao tribunal do júri que Fernando Valente sabia da gravidez de Mónica desde os três meses de gestação, quando a mulher teve a primeira consulta médica.
Não parava à porta
Sara Silva declarou que Fernando Valente costumava passar no seu Mercedes preto à porta da casa da Mónica, na Rua de Santo Estêvão, na Murtosa, mandando-lhe uma mensagem de telemóvel a dizer que já estava perto. A seguir, Mónica ia ter com ele, que nunca parava à porta de casa.
Sara Silva referiu que, na altura, a sua irmã gémea não tinha relacionamentos com mais ninguém. Por isso, quando esta desapareceu, Sara Silva contactou logo, por Facebook, Fernando Valente.
Sara Silva afirmou ainda que no dia 4 de outubro de 2023, quando os seus familiares souberam do desaparecimento de Mónica Silva, também foi a casa do Fernando Valente "tirar satisfações", por não ter ficado convencida com a resposta que ele lhe tinha dado, de que já não estava com Mónica Silva há meses. Fernando Valente veio até um portão, mas ficou do lado de dentro, contou Sara.
Conheceram-se em café
Segundo contou ainda Sara Silva, a sua irmã conheceu Fernando Valente numa ocasião em que este, acompanhado do seu pai, Manuel Valente, entrou no Restaurante e Café Primavera, em São Lourenço de Pardelhas, no centro da Vila da Murtosa, à data detido pela sua prima, a empresária Carla Vieira, que depois tomou conta dos dois filhos de Mónica.
Ambos, o filho Fernando e o pai Manuel, pediram whisky ao balcão, tendo sido Mónica Silva que os atendeu. Fernando ficou então a falar com Mónica, contou.
"Olhos nos olhos"
À entrada do Palácio da Justiça de Aveiro, Sara Silva tinha afirmado aos jornalistas que o seu único propósito, como testemunha indicada pelo Ministério Público, era "dizer só a verdade e toda a verdade".
Questionada ainda sobre se iria prestar depoimento à frente do arguido ou utilizar a prerrogativa de depor com o arguido fora da sala de audiências, afirmou que não se sentia inibida com a sua presença e que até faria questão de "o enfrentar olhos nos olhos". "Finalmente, terei essa oportunidade, de o ver de muito de perto", acrescentou.