Três ex-reclusos que se conheceram no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira criaram um grupo que se dedicou a furtar lares de idosos, sobretudo, nas zonas Norte e Centro do país. Entre abril e outubro de 2021, levaram a cabo 24 furtos em lares que escolhiam ao acaso e onde entravam durante a madrugada, aproveitando o facto de os idosos estarem a dormir. Furtaram milhares de euros em joias e dinheiro.
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O julgamento daqueles três arguidos e dos outros quatro que se lhe juntaram para fazer os asssaltos começou, esta terça-feira, no Tribunal de Loures. Cinco dos sete arguidos estão acusados de associação criminosa.
Os mentores do grupo são os três ex-reclusos da prisão de Paços de Ferreira: José Freitas, conhecido como "Poeta" e tido como o líder; José Rodrigues, conhecido como "Filho do Ferreiro"; e Hélder Rodrigues. Estes três homens conheceram-se quando dividiram a mesma cela, na cadeia de Paços de Ferreira. Hélder Rodrigues praticava os crimes durante as suas saídas precárias, numa altura em que já estava na cadeia de Torres Vedras e os outros dois comparsas de Paços de Ferreira já tinham sido libertados.
José Freitas, de acordo com o MP, definia as "regras rígidas que eram aceites por todos os elementos do grupo". Cabia a este "definir a estratégia dos furtos, escolhendo os elementos do grupo que participavam nos furtos e locais de reunião antes e após os furtos". A investigação apurou que o grupo tinha apoios logísticos na zona de Pombal, distrito de Leiria, quando os furtos ocorriam na zona Centro, e em Vila Nova de Famalicão, Braga, quando atacavam na zona norte do país.
Os lares que eram objeto de furtos eram sinalizados pelos arguidos "quer através de pesquisas que realizavam na internet ou após passagens fortuitas pelos locais". O "modus operandi" era sempre o mesmo. Entravam durante a madrugada, arrombando portões ou entrando pelas janelas. Trajavam roupas escuras, enluvados e encapuzados para melhor ocultarem as suas identidades e no interior dirigiam-se aos gabinetes das direções, onde encontravam os bens a furtar.
O furto que mais dinheiro valeu ao grupo foi no Centro Social e Paroquial de Aveiras de Cima, em abril do ano passado. Quatro elementos do grupo chegaram ao local perto das duas horas da madrugada e desapertaram dois parafusos do motor elétrico do portão, que lhes permitiu abri-lo manualmente e assim obterem acesso ao interior. De seguida, acederam ao interior do referido centro, através de uma janela que se encontrava destrancada e retiraram do gabinete do pároco. Daqui retiraram o cofre que continha joias e dinheiro, tudo somado no valor de 31 mil euros.
Os cofres dos lares eram os principais alvos. Do Centro Social Paroquial de São Martinho de Angueira, em Miranda do Douro, levaram 18 500 euros em notas, sem que os utentes ou os funcionários dessem por nada.
Noutro furto, desta feita ao Lar Doce Viver, em Condeixa-a-Nova, Coimbra, conseguiram levar de um cofre bens no valor de 12 mil e 500 euros.
Em quatro lares, os arguidos foram surpreendidos por funcionários e fugiram sem concretizar os furtos.