Um dos três guardas prisionais detidos desde novembro passado na Operação Entre-Grade, da PJ do Porto, por suspeita de introduzirem droga e telemóveis na cadeia de Paços de Ferreira, foi colocado em prisão domiciliária.
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Delfim Dispenza, que sofre de doença cardíaca e de depressão grave, não usará, no entanto, pulseira eletrónica: vai ser controlado por chamadas telefónicas feitas de forma aleatória pela Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) para a sua habitação.
José Manuel Coelho, chefe da Guarda Prisional que também está em prisão preventiva, aguarda libertação, enquanto Manuel Borges, outro chefe, se manterá na cadeia de Évora, apesar de, tal como Dispenza, também estar deprimido e a enfrentar uma doença autoimune crónica. Para o tribunal o estado de saúde de Manuel Borges, embora frágil, é compatível com a permanência na prisão.
O antigo chefe da cadeia de Paços de Ferreira, apurou o JN, já tinha requerido sair da prisão preventiva em várias ocasiões, mas o pedido foi sempre rejeitado pelo tribunal. Voltou a sê-lo na passada semana, apesar de um relatório médico ter confirmado que Manuel Borges sofre de uma doença autoimune crónica, e ainda de problemas urológicos e estar a combater uma depressão. Contudo, esta informação clínica não foi suficiente para o tribunal modificar a medida de coação e permitir que Manuel Borges saísse de prisão preventiva e passasse para prisão domiciliária.
Problemas de saúde
Entendimento diferente houve, todavia, em relação a Delfim Dispenza. Detido na mesma ocasião e suspeito dos mesmos crimes, este guarda prisional saiu recentemente da cadeia de Évora para ficar confinado à sua própria habitação. O juiz de instrução criminal do Tribunal do Marco de Canaveses entendeu que o débil estado de saúde do preso representava um risco elevado tendo em conta a atual pandemia de Covid-19. Esta decisão foi sustentada com o facto de Delfim Dispenza já ter sofrido três enfartes e apresentar um quadro de tristeza permanente, em virtude de uma depressão grave. O guarda prisional também é seguido em consulta de urologia.
O guarda deixa a prisão para ficar em prisão domiciliária e está proibido de contactar com os restantes intervenientes no processo, nomeadamente arguidos, reclusos ou testemunhas. No entanto, o controlo destas medidas de coação não será feito, contrariamente ao habitual, com o recurso a pulseira eletrónica.
Devido ao elevado risco de contágio do novo coronavírus, o tribunal decidiu evitar os contactos entre o arguido e outras pessoas, especialmente técnicos da DGRSP. E, nesse sentido, decidiu, excecionalmente, prescindir da pulseira eletrónica e ordenar que a permanência do guarda prisional na habitação seja controlada através de chamadas telefónicas aleatórias para a sua residência. Telefonemas que ficam a cargo dos técnicos da DGRSP.
Entre-grade
5 guardas detidos
Para além de Delfim Dispenza e dos chefes José Manuel Coelho e Manuel Borges, também Cid Grazina e Rogério Machado foram detidos.
Esquema desmontado
Os guardas são suspeitos de estar envolvidos num esquema para introduzir droga, telemóveis e outros objetos na cadeia de Paços de Ferreira, a troco de avultadas quantias em dinheiro.
Droga em embrulhos
A droga e os telemóveis chegavam à cadeia, apurou a investigação da Polícia Judiciária, em embrulhos que eram levados pelos guardas e entregues aos reclusos.
Megaoperação
A operação "Entre-Grade" mobilizou 50 elementos do Grupo de Intervenção e Segurança Prisional.