
Rogério Machado foi interrogado no Tribunal do Marco de Canaveses após ter sido detido pela Polícia Judiciária
José Carmo / Global Imagens
Um dos guardas prisionais detidos, em novembro, por suspeitas de integrar uma rede que introduzia droga e telemóveis na cadeia de Paços de Ferreira, pediu ao tribunal para deixar de estar em liberdade e ser colocado em prisão domiciliária.
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O juiz aceitou a alteração da medida de coação e terminou também com a suspensão do exercício da função de guarda prisional a que o arguido estava sujeito. Esta decisão permitiu que Rogério Machado voltasse a auferir o ordenado-base, o que, de acordo com informação recolhida pelo JN, é admitido no despacho judicial.
Rogério Machado foi detido no âmbito da operação Entre-Grade, levada a cabo pela Polícia Judiciária do Porto para desmantelar um esquema que terá permitido, durante anos, a entrada de produtos ilegais na cadeia de Paços de Ferreira. Droga, anabolizantes e telemóveis eram, segundo o Ministério Público, bens introduzidos por cinco guardas naquele estabelecimento prisional e entregues aos reclusos a troco de avultadas quantias de dinheiro.
Sem rendimentos
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Após interrogatório judicial, três dos elementos da Guarda Prisional, incluindo dois chefes, foram colocados em prisão preventiva, mas Rogério Machado foi libertado, mediante a proibição de contactar os restantes arguidos e os seus familiares. A medida de coação decretada pelo juiz determinou ainda que Rogério Machado ficasse suspenso do exercício da função de guarda prisional e proibido de permanecer ou frequentar a cadeia de Paços de Ferreira.
Impedido de trabalhar por ordem do tribunal, Rogério não recebeu ordenado nos últimos quatro meses e pediu agora para ser colocado em prisão domiciliária.
Isto porque se estiver preso em casa não poderá deslocar-se para o local de trabalho, o que, desde logo, afasta a necessidade de estar sujeito à suspensão do exercício de funções. E, sem estar abrangido por esta medida de coação, Rogério Machado, mesmo estando detido na habitação, já recebe o ordenado a que tinha direito quando estava em serviço.
Aliás, o mesmo acontece com os três guardas prisionais que foram colocados em prisão preventiva no âmbito deste processo.
Na sua residência, Rogério Machado não terá de usar pulseira eletrónica, sendo controlado através de telefonemas efetuados, de forma aleatória, pela Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais para a residência onde ficará detido.
Corrupção
Cobrava 100 euros por cada telemóvel colocado na cadeia
A investigação da PJ acredita que Rogério Machado recebia 100 euros por cada telemóvel que introduzia na cadeia de Paços de Ferreira. Auferia o mesmo valor por cada placa de haxixe e 50 euros por cada anabolizante. E nunca cobrava, alega o Ministério Público, menos de dois mil euros por cada encomenda - que incluía cocaína, heroína, haxixe e telemóveis - que passasse pelos portões da prisão e era entregue aos reclusos com quem mantinha negócios.
Pormenores
5 guardas detidos
Além de Rogério Machado, também Delfim Dispenza e os chefes José Manuel Coelho e Manuel Borges foram detidos em novembro.
Dispenza em casa e Borges na prisão
Delfim Dispenza saiu, recentemente, da cadeia de Évora para prisão domiciliária. Já o chefe Manuel Borges viu o pedido para ser colocado na sua residência rejeitado pelo juiz, apesar de ter uma doença crónica.
Telefonemas aleatórios
Dispenza, tal como Rogério Machado, não usará pulseira eletrónica. Os seus movimentos serão controlados através de chamadas telefónicas realizadas, de forma aleatória, para a sua habitação.
