Megaoperação está em curso desde a manhã desta terça-feira, conta com a colaboração da Polícia Judiciária e já fez 50 detidos em Espanha.
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Várias fábricas de Valença do Minho estão a ser alvo de buscas, no âmbito de uma megaoperação da Guardia Civil espanhola, que conta com a colaboração da Polícia Judiciária. A iniciativa policial visa combater o tráfico de droga internacional e, especificamente em Portugal, o desmantelamento de unidades dedicadas ao fabrico de lanchas rápidas, usadas pelos cartéis para recolher fardos de cocaína e de haxixe em alto mar. Até ao momento, já foram efetuadas 50 detenções, oito das quais em Vigo, cidade que funcionava como quartel-general da organização criminosa.
Segundo as autoridades espanholas, a megaoperação começou às primeiras horas desta terça-feira, quando dezenas de elementos da Guardia Civil começaram a realizar buscas em casas e armazéns na província de Pontevedra, mas também em Ourense, Catalunha, Andaluzia e Toledo.
Em Portugal, as buscas, nas quais participaram inspetores da Polícia Judiciária, centram-se em fábricas de Valença do Minho. Era nestas unidades industriais que, acreditam as autoridades, estavam a ser produzidas lanchas rápidas, usadas pelos traficantes para recolher fardos de droga largados em alto mar por embarcações de grande dimensão.
Cartéis transferem operação para Portugal
Recorde-se que, nos últimos meses, a Polícia Judiciária, mas também a Polícia Marítima e a GNR apreenderam várias narcolanchas abandonadas nos rios e na costa portuguesa. Um fenómeno explicado, tal como o JN avançou, pelo facto de cartéis com um passado ligado a Espanha estarem a transferir as suas operações para Portugal. Esta mudança foi imposta pela lei espanhola que, desde 2018, proíbe a construção e posse de embarcações insufláveis e semirrígidas que, com menos de oito metros de comprimento, tenham motores com mais de 204 cavalos, muito aquém dos usados pelas lanchas "voadoras" . A proibição abrange ainda lanchas com mais de oito metros ou alteradas para acomodar tanques de combustível adicionais ou com fundos duplos.
Já em Portugal a construção e posse de lanchas rápidas é legal, desde que devidamente licenciada. E mesmo quando não existe licença, os infratores são penalizados apenas com o pagamento de uma coima entre 500 e 2500 euros. "A embarcação poderá, ainda, ser apreendida se estiver a navegar sem registo. Mas será devolvida se o proprietário justificar a razão para que isso aconteça", explicou o comandante Diogo Branco, da Polícia Marítima de Lisboa. O facto de "estar num armazém ou a ser transportada por terra, mesmo que não esteja registada, não viola qualquer norma", acrescentou.