Ministério Público acusou Sergey Gusev, um cidadão português de origem russa, de 43 anos, residente em Vila Nova de Gaia, pela prática de crimes como associação criminosa, aquisição de cartões ou outros dispositivos de pagamento, sabotagem informática, acesso ilegítimo e branqueamento.
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De acordo com a acusação, o arguido, entre os anos de 2018 e 2023 (até à sua detenção) foi administrador (em conjunto com outros indivíduos) do site conhecido por Verified Forum, destinado, exclusivamente, à comercialização de variados conteúdos ilícitos de malware, de bases de dados de informação pessoal – vulgo leaks – e de meios de pagamento, designadamente de contas bancárias e credenciais de cartões de crédito.
Nessa qualidade, diz o MP, “fomentava e mediava transações de programas e dados informáticos obtidos de forma fraudulenta, integrando uma rede de pessoas destinada à prática de crimes em domínio digital e de forma tendencialmente anónima, composta por mais de oitenta e nove mil membros”.
Através da sua atividade criminosa, o arguido participou na obtenção de ganhos ilícios no valor de, pelo menos, 687.789 euros, pagos em moeda digital, valor este que o Ministério Público requereu fosse perdido a favor do Estado.
Conforme o JN noticiou em julho, a investigação partiu de uma comunicação da polícia americana, (FBI), segundo a qual o suspeito geria um fórum denominado Verified Forum (VF), a que tinha acesso tanto na clearnet (internet comum acedida por exemplo através de um indexador como o Google) como também na darknet, esta última acedida a partir da rede TOR.
Um agente do FBI acompanhou as buscas feitas em maio pela PJ à casa do suspeito .
A informação fornecida pelo FBI refere que, desde julho de 2019 que existe a conta "VBKREZ" e que todas as mensagens postadas por este utilizador no fórum reportam à sua funcionalidade, a transações financeiras concretizadas através do VF, bem como a realização de testes relativos a transferências de cripto moedas.
Posteriormente, a análise feita ao computador do arguido, demonstrou que era ele que tinha a «password» de acesso à conta VBKREZ, onde editou publicações sobre o seu funcionamento, por exemplo, relativamente à forma como o VF cobrava 5% pela garantia do serviço prestado, mormente na resolução de disputas entre utilizadores. E que os acessos eram realizados a partir de Portugal.
Na busca domiciliária. a PJ apanhou Sergey Gusev a trabalhar no computador confirmando que tinha acesso à plataforma VF que estava aberta no desktop.
Na ocasião, tinha um ficheiro aberto na pasta "Telegram Desktop", listando milhares de transações conectadas com o VF, com as taxas de utilização pagas, o valor de cada operação e os utilizadores responsáveis. Demonstrando que o arguido – que negou o facto aquando do interrogatório judicial em 19 de maio - conhecia todas as transações realizadas no interior do VF.