Droga é a mais consumida no arquipélago e chega às ilhas de barco, avião e encomendas postais. PJ realiza frequentes ações policiais com cães para detetar produto estupefaciente
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A Polícia Judiciária (PJ) dos Açores já apreendeu mais haxixe nos primeiros oito meses deste ano do que em 2021. Este crescimento vem acentuar uma tendência registada nos últimos anos e pode ser justificado por um maior consumo desta droga no arquipélago, como também por uma melhoria dos índices de eficácia das ações policiais. Muitas delas contam com a participação de cães da GNR treinados para detetar e localizar este produto estupefaciente. Ainda esta semana, um traficante foi apanhado em flagrante com haxixe dissimulado na bagagem que o acompanhou no voo entre Lisboa e Ponta Delgada.
A mala, colocada no porão do avião que ligou a capital portuguesa à principal cidade da ilha de São Miguel, escondia sete quilos de haxixe e pertencia a um lisboeta, de 49 anos. A droga foi descoberta durante uma das muitas ações de prevenção que o Departamento de Investigação Criminal dos Açores da PJ tem levado a cabo e que contam com a participação de cães da GNR. "Eles estão treinados especificamente para detetar haxixe e, por esse motivo, são usados para fiscalizar as malas que chegam a Ponta Delgada nos voos que são considerados de risco por nós", explica o coordenador da PJ dos Açores, Renato Fortunato.
Haxixe chega de avião, barco e em encomendas postais
O mesmo responsável salienta que, somados os sete quilos agora apreendidos, a PJ dos Açores já apreendeu este ano 71 quilos de haxixe. Uma quantidade que, com o ano longe do fim, ultrapassou os cerca de 60 quilos apanhados em 2021. "O haxixe é a droga mais consumida no país e também nos Açores e em 2021 também foi apreendida uma quantidade maior do que a do ano anterior", refere.
A droga chega à ilha por três vias. A principal recorre a encomendas postais que, enviadas através dos Correios ou por transportadoras privadas, fazem chegar o haxixe à casa de traficantes e consumidores. "Há encomendas que escondem entre sete e oito quilos de haxixe", descreve Renato Fortunato.
Parte do haxixe também chega ao arquipélago em contentores transportados por navios e que albergam diferentes produtos consumidos na ilha. E há ainda, como o lisboeta detido esta semana, "mulas" carregadas de droga que viajam para os Açores de avião. A maior apreensão deste ano por esta via resultou na retirada de 14 quilos de haxixe do mercado de consumo.
Só 10 a 20% da droga é apreendida
A PJ dos Açores garante que os 71 quilos de haxixe apreendidos este ano são suficientes para 142 mil doses com a quantidade de droga que, normalmente, um toxicodependente consome por dia. Um número mesmo assim modesto face à realidade açoriana, portuguesa e internacional. "Os estudos referem que as autoridades só conseguem apreender entre 10 a 20% da droga que é traficada", lembra Renato Fortunato.
O coordenador da PJ dos Açores aponta, ainda, dois motivos para o aumento das apreensões: um eventual crescimento do consumo, mas também uma eficácia maior das ações policiais.
