Henrique Ramos diz que foi atacado pelo arguido Bruno Aleixo porque lhe "estava a ir à carteira"
Henrique Ramos retomou esta tarde de segunda-feira o depoimento na Operação Pretoriano. O adepto portista, assistente no processo, reiterou que não foi agredido por Fernando Saul, ex-oficial de ligação aos adeptos, na noite da Assembleia Geral Extraordinária (AGE) do F. C. Porto.
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Já sobre Bruno Aleixo, contou que, após o seu discurso, o arguido veio a descer pelas cadeiras, aproximou-se a cerca de um metro e cuspiu-lhe na cara e no peito, enquanto o ameaçava de que o ia matar.
Questionado pela motivação de tanta agressividade, Henrique Ramos referiu que lhe “estava a ir à carteira". "Eu, denunciando um esquema do qual ele beneficia, estou-lhe a ir à carteira”. E acrescentou que, se não fosse alguém ter empurrado Aleixo filho naquele momento, “hoje ele estava aqui com o GISP [Grupo de Intervenção e Segurança Prisional]", disse o assistente no processo, insinuando que aquele estaria preso.
Pouco antes, Henrique Ramos tinha revelado que o comissário Denis Cruz lhe oferecera proteção policial na mesma noite em que foi oferecida a André Villas-Boas, mas que recusou. “Ele (Bruno Aleixo) é muito melhor a berrar e a ameaçar do que a agredir”, explicou, lembrando que, em certa noite, Aleixo pai e Aleixo filho entraram por um restaurante onde o ameaçaram de que o iam matar e lhe cuspiram. “Apresentei queixa à autoridade Fernando Madureira e disse que se eles voltassem a fazer aquilo, apresentava queixa na PSP”, contoui.
Na noite em que foi agredido na AGE, já não reportou o ocorrido ao ex-líder dos Super Dragões, quando se encontrou com ele num restaurante, porque “ele não é polícia”. Apenas lhe disse: “Aqueles gajos são sempre a mesma merda”.
Questionado sobre quem seriam os destinatários do seu discurso, Henrique Ramos frisou que não se estava a referir a Fernando ou a Sandra Madureira. Apontou como destinatários “Adelino Caldeira e Fernando Gomes, administradores que não reagiam ou só fingiam reagir às minhas denúncias de más práticas com as casas do F. C. Porto que, no meu entender, estavam a lesar o clube em vários milhões de euros por anos”.
Conversa com André Villas-Boas
Henrique Ramos apresentou-se esta tarde no tribunal com um fato com o símbolo do F. C. Porto. Questionado pelo advogado de Vítor e Bruno Aleixo, explicou que achou “por bem” vestir-se assim porque estava “a defender a verdade para a Justiça e para o F. C. Porto, lembrando que na semana passada foi ao trbunal “exatamente com a mesma roupa” com que fora agredido na AGE.
Henrique Ramos, que pediu em tribunal para não ser tratado como “Tagarela”, alcunha por que é conhecido, confirmou que na madrugada após a AGE falou 39 minutos com André Villas-Boas. “Ele deu-me os parabéns pelos tomates de aço e disse que era preciso mais pessoas assim”, mas Henrique fez questão de lhe deixar um aviso. “Eu não estou a chegar para o lado de ninguém. O que eu disse é pelo F. C. Porto, não tem nada a ver com eleições, com o Pinto da Costa ou o André Villas-Boas. Tem a ver com crimes que andavam a ser cometidos contra o F. C. Porto”.
Depois, falaram de futebol e do enquadramento, tendo avisado “para tirarem o pé, que não era preciso matarem o Porto para irem a eleições”. E confidenciou ainda que foi convidado por João Borges, atual vice-presidente, para integrar “uma equipa que queria mudar o status quo”, mas que nunca aceitou,”sem prejuízo de lhe ter falado do que estava mal no Porto e de que podia melhorar”.
Por fim, José Pereira, arguido que terá agredido Henrique Ramos com um pontapé, pediu desculpa ao ofendido em tribunal “pelo ato isolado e irrefletido” que cometeu naquele noite. Henrique aceitou e disse que, caso o tribunal entendesse despronunciar o crime de ofensas à integridade física qualificado, ele também não prosseguiria com a queixa.
Henrique Ramos terminou o seu depoimento e pediu para ficar a assistir ao resto do julgamento. Pedido que foi aceite.