O Ministério Público (MP) acusou recentemente um trabalhador das minas de Aljustrel, com 34 anos, do homicídio qualificado da ex-mulher, Cássia Duarte, e ainda de tentativa de homicídio e abuso sexual da sua enteada, filha da vítima mortal.
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Segundo a acusação, o arguido, Átila Duarte, de 34 anos, soube que a ex-companheira tinha um novo namorado e matou-a com 30 facadas, à frente dos seus três filhos, menores de idade. Também atacou uma filha, de 13 anos.
Estes crimes ocorreram na madrugada de 5 de outubro de 2022. Na manhã seguinte, o homicida dirigiu-se à esquadra da PSP, em Belas, concelho de Sintra, onde estavam os filhos de dois, três e nove anos, para os ir buscar, sabendo que podiam testemunhar contra ele. Átila fez-se de inocente, mas o menino de nove anos indicou à PJ que era ele o autor do crime.
Ainda no mesmo dia, numa viatura da PJ de Lisboa, o homem tentou fugir, abrindo a porta do carro em andamento, na A2. O arguido está, atualmente, em prisão preventiva.
Menor atacada com taco de basebol
Segundo a acusação, o arguido entrou na casa da ex-mulher, na Quinta do Recoveiro, em Belas, antes de a mesma chegar, pelas 00.43 horas, e deparou-se com filha de Cássia com 13 anos. A jovem foi agredida com um taco de basebol na nuca e braço esquerdo, mas conseguiu fugir.
Cássia entrou em casa logo a seguir e foi surpreendida pelo agressor de faca em punho. A mulher foi atingida por 30 facadas, na cabeça e no pescoço. Os gritos fizeram com que os filhos do casal acordassem e assistissem a parte do assassinato, na sala de estar.
Átila fugiu. E o menino de nove anos alertou as autoridades. A menor de 13 anos seria levada para o Hospital de Santa Maria em estado crítico, mas sobreviveu.
No dia seguinte, pelas oito horas da manhã, o arguido dirigiu-se à esquadra da PSP, onde estavam os filhos, para os levar dali. Disse que nada tinha que ver com o crime. Mas os menores não foram entregues ao homem, que abalou para Aljustrel, onde trabalhava nas minas.
Ainda no mesmo dia, a Polícia Judiciária de Lisboa foi ter com o suspeito. No carro da PJ, ainda não formalmente detido, o homem conseguiu abrir a porta e saltar, em plena autoestrada, na zona de Palmela. Sofreu ferimentos, foi assistido no Hospital de Almada e acabou por ser detido.
Abusou da enteada após separação
Cássia e Átila casaram-se em 2011, no Brasil, onde divulgavam programas de fitness e nutrição no Youtube. Em 2019 passaram a viver em Portugal e separaram-se a 18 de junho de 2021. Segundo a acusação, dias depois de se separarem, a 20 de junho, Átila ficou a tomar conta dos três filhos e da enteada, de 13 anos.
Quando estavam na cama, o suspeito tentou abusar sexualmente da menor de 13 anos, tendo parado quando esta lhe pediu. De acordo com a acusação, o arguido estava “ciente de que ofendida o via como seu padrasto e, por essa razão, tinha uma relação de dependência para consigo que limitava a possibilidade de esta opor qualquer género de resistência”.
“És a minha família, não aceito que tenhas outra pessoa”
A acusação descreve um episódio ocorrido dois meses antes do homicídio, em agosto, que mostra que o arguido pela morte de Cássia não aceitava a nova relação da mulher.
Ocorreu no parque de estacionamento de um supermercado, em Sintra, onde Cássia foi buscar os filhos que tinham passado o dia com o ex-companheiro.
A acusação descreve que “o arguido estava a tremer, com os olhos esbugalhados, e perguntou a Cássia Duarte se esta mantinha um relacionamento amoroso com o seu patrão”.
A discussão foi sanada pela presença de seguranças, mas o arguido seguiu a mulher até casa. Tentou entrar e, sem o conseguir, avisou: “Tu és a minha família, não aceito que tenhas outra pessoa”.