A advogada do homem que matou a neta em Vialonga enviou ao Supremo Tribunal de Justiça um pedido de libertação imediata. Segundo Tânia Reis, “está em causa o facto do Ministério Público não ter deduzido a acusação em tempo útil, seis meses, contra o arguido e assim se esgotar o prazo de prisão preventiva”.
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O pedido de "habeas corpus" foi enviado pela advogada Tânia Reis nas primeiras horas desta sexta-feira não só para o Supremo Tribunal de Justiça, como também para o Tribunal de Loures e para o Estabelecimento Prisional de Caxias, onde o arguido, Olegário Borges, se encontra atualmente em prisão preventiva. O pedido terá de ser analisado de forma urgente pelos juízes do Supremo Tribunal de Justiça.
O JN questionou a Procuradoria-Geral da República sobre o estado atual do inquérito-crime, mas não obteve resposta até ao início da tarde desta sexta-feira.
Tratava o avô por "paizinho"
Olegário Borges, 70 anos, foi colocado em prisão preventiva no dia 21 de março, depois de ter recebido alta do hospital de Santa Maria, para onde foi transportado depois do chocante crime cometido em casa, em Vialonga, e depois de se ter tentado suicidar.
O homicídio da pequena Lara de sete anos às mãos do avô, que a menina tratava por "paizinho", ocorreu no 1.º esquerdo do número 2 da Rua Primeiro de Dezembro no Bairro do Icesa, em Vialonga, Vila Franca de Xira, a 14 de março, e terá sido movido pelo anúncio da mãe de Lara, filha de Olegário Borges, de que ia mudar de casa. O avô e a neta eram tidos pela vizinhança como inseparáveis, e aquele não aceitava que a filha levasse a neta para longe de si.
Foi a mãe da menina que, ao chegar a casa perto das quatro horas da madrugada de dia 14 de março, se deparou com o cenário dantesco e chamou as autoridades. A filha estava moribunda, a casa revirada e havia sangue por todas as paredes, sinal que a menina lutou contra o avô.
A mãe pegou na filha e gritou pelas escadas com a menina ao colo. “Não cheguei a tempo de salvar a minha filha”, exclamou, de acordo com o vizinho Diogo Gomes, que acordou nesta altura. O homicida tentou nesse momento matar-se, cortando os pulsos e o pescoço com uma faca de cozinha, a mesma que usou para matar Lara, mas sem sucesso. O óbito da menina foi declarado no local pelo INEM, e Olegário Borges foi transportado para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, pelos bombeiros voluntários de Vialonga.
Avô e neta eram inseparáveis
O crime chocou toda a comunidade no Bairro da Icesa, em Vialonga, Vila Franca de Xira. Homicida e vítima eram tidos pela vizinhança como inseparáveis. Todos os fins de semana, a pequena Lara acompanhava o avô à sua horta nas traseiras do Bairro da Icesa, a poucas centenas de metros de casa. Aqui, a menina brincava com os seus bonecos sentada junto a uma mesa, mesmo junto à horta, enquanto o seu avô tratava dos legumes. Durante a semana, o avô levava a menina à escola, na Associação para o Bem-estar Infantil de Vialonga, perto de casa. O ambiente entre os dois era sempre o melhor e admirável por todos os vizinhos que ficaram em choque com o crime.