O homem de 28 anos acusado de tentativa de homicídio de uma mulher, na Suíça, afirmou, esta sexta-feira, no Tribunal da Feira, que não teve intenção de cometer o crime, mas apenas o de "pregar um susto" à vítima, por uma alegada dívida desta. Afirmou também que nada recebeu por isso.
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De acordo com a acusação, Daniel R. foi contratado, em 2022, juntamente com outro homem, por um amigo que queria matar a ex-mulher, residente na Suíça, a troco de cinco mil francos suíços, além de uma quantia mensal de 500 francos suíços (a acusação não precisa quantas mensalidades). Os outros dois suspeitos estão presos na Suíça, onde deverão responder pelo crime.
Perante o coletivo de juízes, o arguido afirmou que lhe foi dito que iriam apenas “pregar um susto” a uma mulher que devia dinheiro e que se limitou a pôr um “pano seco” na boca da vítima. Negou ter participado no despejo de gasolina sobre a mulher, que sofreu queimaduras graves no rosto, ou ter recebido qualquer promessa de recompensa financeira.
Em tribunal, explicou que viajou para a Suíça com o outro implicado no crime, porque este lhe prometeu ajuda para encontrar um emprego no país. “Estava sem emprego e a fumar coisas que não devia. Aceitei para tentar mudar de vida”, justificou.
Dias depois, o homem pediu-lhe que o acompanhasse para pregar “um susto” a uma mulher. “Tinha apenas que colocar um pano na boca e ir para o carro". No início, não queria, mas fumámos erva e acabei por concordar”, relatou.
Contou que assim fez. “Pus o pano na boca da senhora e ele virou o líquido [que disse desconhecer que era gasolina] por cima da senhora. Disse-me para a largar [a mulher] e mandou-me para o carro”, precisou.
Logo após o crime, os dois fugiram diretamente para a França. Daniel R. acabaria por regressar a Portugal, onde foi identificado e detido pela Polícia Judiciária.
Ouvido como testemunha, um inspetor da PJ que acompanhou o processo afirmou que o arguido, ao ser confrontado com os factos e com os ferimentos da vítima, “reagiu com surpresa” e, posteriormente, “teve uma atitude colaborante”.
O que diz a acusação
De acordo com a acusação, os dois homens viajaram para a Suíça em 3 de outubro de 2022, onde monitorizaram a rotina da vítima durante vários dias, aguardando o momento ideal para a execução do crime.
Em 19 de outubro, prepararam uma garrafa contendo gasolina para ser usada no ataque e, no dia seguinte, por volta das 20h55, a vítima foi atraída para fora de casa sob um pretexto falso.
Segundo a acusação, um dos homens imobilizou a vítima enquanto o outro despejava gasolina sobre ela, ateando fogo em seguida.
A mulher sofreu queimaduras graves no rosto, cabeça e peito, mas sobreviveu.