Os inspetores da Polícia Judiciária (PJ) entram em greve ao trabalho suplementar a partir deste sábado para travar o que garantem ser uma "exploração laboral". A Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal da Polícia Judiciária (ASFIC/PJ) considera ser ilegal e indigno receber 3,61 euros à hora para trabalhar e aos fins de semana.
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"Não pedimos qualquer aumento de salário, ou outros subsídios ou suplementos. Apenas exigimos o cumprimento da lei e o fim da exploração laboral por parte de quem nos tutela". É com esta frase que a ASFIC ilustra o sentimento de frustração dos investigadores e especialistas da PJ, que deixam de trabalhar entre as 17.30 horas e as 9 horas do dia seguinte, com exceção dos serviços mínimos.
Na prática, nesse período apenas irão laborar os serviços de piquete para cobrir a totalidade do território nacional.
"Com a mesma valentia com que arrombam portas sem saber o que vão encontrar; com a solidariedade com que se apoiam uns aos outros nos momentos maus; com a firmeza com que combatem pela justiça neste país; vamos dizer não ao trabalho pago a valores indignos, não a quem nos desvaloriza, não à injustiça, não a esta vergonha e não a quem não nos merece", disse, esta sexta-feira, Carla Pinto, presidente da ASFIC.
Além do serviço normal, a greve deverá afetar essencialmente a chamada prevenção. "O funcionário não estando obrigado a permanecer fisicamente nas instalações, fica permanentemente contactável e disponível para acorrer a necessidades do serviço fora de horas quando para tal for solicitado", explica a ASFIC.
Além da atualização do valor hora do trabalho suplementar, os elementos da PJ também exigem a regulamentação das portarias do estatuto profissional. Uma delas prende-se com a passagem à disponibilidade quando o investigador completa 55 anos de idade e 36 anos de serviço.
"Há problemas na PJ que persistem há mais de duas décadas e as sucessivas tutelas têm guardado os dossiers em gavetas cujas chaves, aparentemente, se perdem. Vamos entrar em greve. E não queríamos", rematou Carla Pinto.