No centro da cidade, tendas acolhem quem foi despedido e ficou sem poder pagar casa. Roubos são o principal receio.
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Quando, há dois meses, Izabel foi despedida e ficou sem conseguir pagar o quarto onde residia em Lisboa, a única solução que encontrou foi mudar-se para uma tenda num acampamento, perto da Igreja dos Anjos, onde pernoitam, consoante os dias, entre 10 e 20 pessoas sem-abrigo. Desde então que praticamente não dorme à noite, com receio de ser atacada. Há dias, tentaram tirar-lhe a tenda.
“Durmo durante o dia”, desabafa a antiga trabalhadora das limpezas, de 48 anos, enquanto se prepara para ir tratar da sua higiene a um balneário próximo. Uma amiga mais nova opta, face ao horário apertado do espaço, por ir noutro dia. “Somos as únicas mulheres aqui”, acrescenta, sem revelar o apelido, Izabel, em jeito de confidência e sem nunca parar de olhar, discretamente, em seu redor.