O início da fortuna de João Rendeiro - detido este sábado na África do Sul - é atribuído à venda, nos anos 90, de um fundo (Gestifundo) de investimentos em mercados de capitais que tinha criado em 1986. Tinha ali investido 25 mil euros e vendeu-o ao Totta, onde também ficaria a trabalhar, durante cinco anos - por 15 milhões.
Corpo do artigo
14399035
Foi só o início, mas ajuda a perceber uma certa aura de alquimista que se lhe pegaria, do gestor doutorado na Universidade de Sussex (Inglaterra) que transmutava milhares em milhões. É essa, de resto, a imagem que haveria de imprimir no banco que criou, em 1996, a partir da compra da In-cofina ao BCP, com um grupo de investidores em que se destacavam Pinto Balsemão, a família Vaz Guedes e Joe Berardo.
14398706
Só os ricos eram clientes - um milhão de euros chegou a ser o investimento mínimo para o serem - e Rendeiro mostrou-se capaz de os tornar ainda mais ricos. Até 2008. A crise financeira que rebentou por esta altura demonstrou, lá fora e no BPP, que este banco tinha muitos esqueletos no armários, obrigando Rendeiro a pedir ajuda ao Estado.
Mas foi de pouca dura, este estado de alma. Em 2009, já o ex-banqueiro se exibia nos escaparates, com o "Testemunho de um banqueiro", livro prefaciado pelo socialista João Cravinho e onde o autor, criador de uma coleção de arte contemporânea que se encontra nas mãos da justiça, já se autorizava a dar conselhos de boa gestão. Como continuou a fazer, desde então, em "Arma/Crítica", o seu blogue.