Um jovem com 20 anos morreu afogado, esta quinta-feira, depois de se atirar ao rio Mondego ao fugir à PSP, na zona entre a Estação Nova e a Segurança Social, em Coimbra.
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Um homem brasileiro, de 20 anos, morreu afogado esta quinta-feira, depois de fugir à PSP e se atirar ao Mondego, na margem direita do rio, entre a Estação Nova e a Segurança Social, em Coimbra. Gabriel Cunha tinha chegado a Portugal há cerca de três anos, com o objetivo de jogar futebol profissional, e iria ser pai em breve. Mas, ontem, seria um dos indivíduos que, segundo a PSP, eram suspeitos de tráfico de droga e fugiram ao serem avistados por dois agentes, a cerca de 500 metros do local do afogamento.
Eram 11.50 horas quando, numa ação de policiamento preventivo na Rua Terreiro do Mendonça, perto da Rua da Sota, dois polícias detetaram uma “potencial situação de tráfico de estupefacientes entre vários suspeitos, tendo tentado proceder à sua abordagem”. Ainda segundo a PSP, “aquando da visualização da equipa policial, e antecipando a intervenção”, os suspeitos fugiram a pé, “tendo os dois polícias ido no encalço” de Gabriel Cunha, que “seguiu na direção do rio Mondego”. O brasileiro, segundo a Polícia, já tinha sido anteriormente detido por tráfico de droga.
Já na Avenida Cidade Aeminium, que acompanha a margem direita do Mondego, o fugitivo atirou-se ao rio “de forma inusitada e inesperada”, disse a PSP em comunicado, acrescentando que reportou o caso ao Ministério Público e à Polícia Judiciária, a qual se deslocou ao local. A PSP referiu que foram identificadas testemunhas dos factos.
“Nem sabia nadar”
“Se ele tivesse alguma coisa que o comprometesse, mandava fora, nunca se atirava ao rio. Ele nem sabia nadar”, afirmou, ao JN, a namorada de Gabriel Cunha, que disse estar grávida do brasileiro, “um miúdo cheio de sonhos”, que “não fazia mal a ninguém”.
Mário Miranda, chefe dos Bombeiros Sapadores de Coimbra, adiantou ao jornal “Notícias de Coimbra” que a corporação fora alertada pelas 12.15 horas para uma vítima que teria caído à água, na sequência de uma perseguição movida pela PSP, e que não tinha “qualquer identificação”.
Ainda segundo a mesma fonte, o jovem, que seria estrangeiro, chegou a nadar “alguns metros, mas depois deixou ser visto”.
O corpo da vítima, que “estava a cerca de seis metros da margem”, foi localizado e retirado do rio, pelas 13.35 horas, pela equipa de mergulhadores. O cadáver foi depois transportado para o Instituto de Medicina Legal.
Tragédia em zona onde “transacionam drogas à frente de toda a gente”
Sérgio Santos, proprietário de uma casa de pasto nas proximidades ao Terreiro do Mendonça, onde a PSP iniciou a perseguição de Gabriel Cunha, conta que nesta zona da Baixa há desacatos “todos os dias, de manhã à noite”. O problema tem impacto no negócio da Casa Chelense, onde Sérgio Santos está desde 1986. “50 a 40% menos”, estima ao JN. “Quem conhece passa. Quem não conhece não passa”. Um cliente diário, Fernando Carvalho, queixa-se de que “transacionam drogas à frente de toda a gente”. “Muitas vezes”, acrescenta, até as mostram a quem passa. Fernando Carvalho não nega receio nas deslocações ao estabelecimento. “Sinto segurança porque não mostro medo, mas, ao mesmo tempo, sinto insegurança”. Um comercial, que preferiu o anonimato, assume que “assusta passar” por esta área da cidade.