Cinco feirantes e um trolha começaram a ser julgados em Guimarães por roubos e tentativa de homicídio a um ourives da Póvoa de Lanhoso.
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O Tribunal de Guimarães começou, na segunda-feira, a julgar seis homens suspeitos de roubos e tentativas de roubo, em fábricas têxteis e calçado do Norte e Centro do país, que instalavam localizadores de GPS nos carros dos empresários para saberem onde se encontravam as mercadorias.
Foi assim, por exemplo, no caso do dono de um armazém de calçado da Póvoa de Varzim. Segundo o Ministério Público, "os suspeitos colocaram um dispositivo de localização GPS numa viatura, a fim de rastrear o condutor e identificar os locais de paragem da viatura, para, desse modo, localizar o armazém / fábrica que pretendiam assaltar".
Neste caso concreto, acabariam por desistir porque a fábrica se encontrava na garagem de uma residência, que entenderam como local de risco. No entanto, consumaram o furto na fábrica da Eureka, em Vizela, de onde levaram pelo menos 450 pares de sapatos.
"Sou culpado", confessou o arguido Flávio Cabeças, 31 anos, de Valongo. Foi o único arguido a falar na primeira sessão de julgamento e admitiu "tudo o que está na acusação". Concretamente, participou no assalto à Eureka de Vizela e à Euronics de Celorico de Basto, bem como na tentativa de assalto à têxtil Naturana Portuguesa, de Oliveira de Azeméis.
Os arguidos têm entre 31 e 44 anos, cinco são feirantes, um é trolha. Residem em Valongo, Guimarães e Paços de Ferreira. Apesar da sofisticação no uso de GPS para identificarem fábricas, o grupo ficou conhecido pelo assalto violento a um ourives, a 17 de fevereiro de 2020, em Vilela, Póvoa de Lanhoso. José Cabeças, Miguel Silva e Bernardo Monteiro são os elementos acusados deste roubo com tentativa de homicídio e que, segundo a acusação, rendeu quase 350 mil euros em ouro. Naquele dia, os ladrões pararam o funcionário da Ourivesaria Minhota, que vinha da feira das Taipas, em direção à Póvoa de Lanhoso. Apontaram-lhe uma arma, tiraram-no do carro e fugiram no automóvel. Na fuga, dispararam vários tiros.
No bidão de gasolina que iam usar para queimar o carro, ficou uma impressão digital de Miguel Silva. Em julgamento, nenhum quis prestar declarações. Já o funcionário contou que ficou traumatizado: "Senti muito medo, temi pela minha vida. Durante 15 dias não trabalhei, passei muitas noites em claro e precisei de acompanhamento psicológico".
Flávio Cabeças admitiu ainda o roubo de telemóveis na Euronics de Celorico de Basto. Ficou com dois telemóveis, que deu à mulher e ao filho de oito anos. Ontem, ou viu a reprimenda de uma juíza: "Que bela educação!".