Leitura da sentença de padre e freiras acusados de escravizar noviças foi adiada
A leitura da sentença de um padre de 90 anos e três "freiras" da Fraternidade Cristo Jovem que possui um "convento", em Requião, Famalicão, acusados de escravatura de "noviças" foi adiada.
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O tribunal entendeu alterar alguns factos atendendo à prova produzida tendo o advogado de defesa de duas das "freiras" pedido prazo para se pronunciar. Foi apontado o próximo dia 1.
Os arguidos estão acusados de angariar jovens para executarem as tarefas diárias na conservação e manutenção das instalações, e continuação da atividade da "Fraternidade Missionária de Cristo Jovem", "sem qualquer contrapartida e mediante a implementação de um clima de terror". Angariavam jovens, diz o MP, de " raízes humildes, com poucas qualificações ou emocionalmente fragilizadas e com pretensões a integrarem uma comunidade espiritual de raiz católica, piedosas e tementes a Deus".
Ao longo de mais de 30 anos uma dezena de jovens foi escravizada e maltratada, segundo a acusação.
Durante o julgamento, que decorreu durante mais de um ano, foram ouvidos relatos de maus tratos pela boca das próprias "noviças" que entretanto abandonaram o convento. Contaram agressões físicas como bofetadas, agressões com vassoura, mangueira, chinelo, com o chicote, e ainda castigos e falta de alimentação.
A Diocese de Braga que chegou a receber cartas a denunciar os factos ainda antes do caso vir a público disse em tribunal que nada mais podia fazer. Perante a insistência da juíza sobre os atos praticados pela Diocese depois de receberem as denúncias alegaram que não tinham "polícia de intervenção" pelo que nada mais podiam fazer. Nomeou uma comissão para investigar, mas esta nunca tomou posse porque foi impedida pelo próprio "convento". Também nomeou padres para acompanhar a vida do "convento".
No seu testemunho, o bispo de Braga à data dos acontecimentos, Jorge Ortiga, notou que a Diocese está à espera da conclusão do tribunal para tomar outras atitudes.