Samir, o narcotraficante que liderava um dos principais cartéis portugueses e que foi detido na quarta-feira, foi posto em prisão preventiva. No final do primeiro interrogatório judicial, também os outros dois detidos no âmbito da operação "Ano Novo" foram levados ao estabelecimento prisional de Lisboa. Um deles é primo de Samir. A investigação da Polícia Judiciária (PJ) irá, agora, tentar provar que a organização criminosa agora desmantelada investia a maior parte dos lucros obtidos com o tráfico de droga em negócios legais.
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Segundo o JN apurou, nenhum dos três homens detidos na megaoperação levada a cabo pela Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da PJ prestou, já nesta sexta-feira, declarações perante o juiz de instrução criminal. O silêncio a que os suspeitos se remeteram não impediu, porém, que o magistrado aplicasse a todos a mais dura das medidas de coação: prisão preventiva.
No final desta sexta-feira, Samir, o primo e outro dos seus principais colaboradores foram encaminhados para a cadeia de Lisboa e é lá que vão aguardar os próximos desenvolvimentos do processo.
Lucros do tráfico branqueado em negócios legítimos
Mesmo com os principais elementos da rede criminosa atrás das grades, a PJ irá continuar a investigação. As diligências a efetuar tentarão recolher indícios que permitem provar que Samir e os comparsas investiam muito do lucro alcançado com a venda de cocaína, heroína e haxixe em diferentes tipos de negócios, todos legais, implementados um pouco por todo o país e até no estrangeiro. Com acesso a milhões de euros, a organização criminosa criou várias estratégias para branquear e tornar legítimos os avultados montantes obtidos com o tráfico.
Recorde-se que só nas buscas realizadas durante a operação "Ano Novo", a PJ encontrou e apreendeu 70 mil euros em notas. O dinheiro estava escondido no apartamento que Samir usava como "casa de recuo" e depósito da droga que importava de África e Brasil para revender a traficantes portugueses, mas também nas ruas da Grande Lisboa. Na mesma habitação, situada numa zona residencial pacata da zona de Lisboa, foram encontradas ainda várias armas, incluindo uma metralhadora.