Hermínio Loureiro e "Zito", o seu ex-secretário e homem de confiança, são acusados de terem auferido subornos em dinheiro, como contrapartida de contratos públicos com a Câmara de Oliveira de Azeméis ilicitamente atribuídos a empresas amigas.
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A acusação do Ministério Público (MP) descreve episódios de entrega de luvas, em notas, ao ex-autarca, ex-secretário de Estado e atual vice-presidente na Federação Portuguesa de Futebol, e ainda ao líder do PSD oliveirense.
Baseado em diligências e escutas telefónicas efetuadas pela Polícia Judiciária, o MP refere que, a 17 de novembro de 2016, pouco antes de renunciar à presidência da autarquia, Hermínio terá recebido 25 mil euros num jantar com João Sá (ex-deputado do PSD e posteriormente empresário) e os empresários do setor da construção António Couto e Filipe Marques.
O repasto aconteceu numa marisqueira em Matosinhos, quando decorriam negociações para empreitadas com a Câmara de Oliveira de Azeméis. A quantia terá sido prometida em agosto de 2016 a Hermínio, que os amigos empresários chamavam "chefe" e "pc". Já em dezembro de 2016, na Póvoa de Varzim, Hermínio terá recebido três mil euros de João Sá.
Mediante a acusação, percebe-se que, depois de renunciar à autarquia, Loureiro manteve relações muito próximas com aqueles empresários, continuando a zelar pelos seus interesses.
Pagar cartão de crédito
Também através de escutas, foi possível à PJ descobrir que vários pedidos do autarca tinham como destinatário o seu "homem de mão", José Francisco Oliveira. "Zito" era líder do PSD de Oliveira de Azeméis e secretário da Distrital do PSD de Aveiro. Para pagar as despesas do partido, terá criado um "saco azul" alimentado com dinheiro da Câmara obtido através de faturas de falsos almoços. Mas também tinha despesas com cartão de crédito.
A investigação detetou que, a 25 de maio de 2017, "Zito" recebeu quatro mil euros de um empresário sócio de João Sá.
O dinheiro vinha numa mala e foi entregue num hotel de Oliveira de Azeméis. Antes disso, entre dezembro de 2016 e janeiro de 2017, o homem de confiança de Hermínio tinha recebido de Sá a quantia de 11 400 euros, também para pagar cartão de crédito.