Creche e escola de Bragança estranharam ausência dos menores e questionaram a mãe, que omitiu viagem. Filhos ficaram sozinhos.
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A mãe das crianças resgatadas pela PSP de um apartamento em Bragança, onde se encontravam sozinhas há dias, sujas e rodeadas de lixo, estaria a morar em Bragança há poucos meses, beneficiava de apoios sociais e justificou que tinha ido a Lisboa preparar a mudança da família para a capital. A creche e a escola frequentadas por três dos menores estranharam a sua ausência e questionaram a mãe, que omitiu a viagem As crianças estão a integrar-se bem na instituição de acolhimento para onde foram levadas.
Segundo o JN apurou, a mulher, uma cidadã angolana, com cerca de 40 anos, desempregada, está a residir em Portugal ao abrigo do estatuto de proteção internacional. Até meados de dezembro, foi apoiada por estes serviços. Depois, passou a ser acompanhada pelas equipas do Rendimento Social de Inserção (RSI) do Centro Social e Paroquial do Santo Condestável, que seguem cerca de 600 beneficiários nos concelhos de Bragança e de Vimioso.
Esta instituição dispõe de uma equipa com quatro técnicos e outros tantos auxiliares que, devido à pandemia de covid-19, está a funcionar a 50% do tempo laboral em teletrabalho e apenas se desloca aos domicílios "em situações urgentes desde que requerido, o que não foi o caso", indicou uma fonte próxima do processo.
à procurada de casa
No Centro, depois da PSP ter encontrado as crianças sozinhas, a mulher terá explicado que se deslocou a Lisboa para encontrar emprego e uma habitação para morar, porque quer mudar-se com os filhos para a capital. Fonte da PSP adiantou ao JN que a mãe se ausentara por motivos fúteis, "como ir ao cabeleireiro".
Inicialmente, chegou a aventar-se a possibilidade de a mulher estar em Bragança para fugir a uma situação de violência doméstica. Mas a responsável pelo Núcleo de Apoio à Vítima, Teresa Fernandes, indicou que instituição não está a acompanhar este caso, apesar de dispor da única casa-abrigo para situações de emergência no distrito.
Sem creche e escola
Tanto a creche frequentada pelos dois filhos mais novos, gémeos, com um ano, como a escola onde estuda o mais velho contactaram a mãe para saber dos filhos. "Os mais pequenos porque estavam a faltar e o mais velho porque estava sempre offline e não seguia as aulas à distância. Em ambos os casos omitiu que estivesse fora de Bragança", acrescentou a fonte. Os menores estão sinalizados, não por qualquer situação de risco, mas porque a família beneficia do RSI.
A PSP chegou às crianças através de uma denúncia e, no passado sábado, desencadeou uma operação para as resgatar. Os agentes foram surpreendidos pela "situação de exposição ao abandono e iminente perigo, rodeados de lixo, sem higiene", como descreveu o comissário da PSP Rui Machado.
A Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco está a acompanhar o caso. A mãe incorre num crime de exposição ao abandono e será alvo de um processo-crime desencadeado pelo Ministério Público. O JN enviou um pedido de informação à Segurança Social, mas até ao fecho desta edição não obteve resposta.
PORMENORES
Situação resolvida numa hora
Depois de a PSP acionar a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco, a situação resolveu-se em cerca de uma hora. Com os menores a serem encaminhados para a Obra Kolping.
Crianças estavam sujas mas alimentadas
Os menores foram encontrados descalços, de pijama e sem higiene. Não estavam desnutridos, nem feridos, apesar de existirem vários objetos perigosos na habitação.