A petição lançada por um cidadão para a reposição da 2.ª Equipa de Intervenção Rápida (EIR) da Polícia de Segurança Pública (PSP) de Coimbra, desmantelada em 2024, reuniu 10 595 assinaturas. Um grupo de signatários desfilou, esta quarta-feira, na baixa da cidade.
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“Aqui está a prova de que o povo prontificou-se a ajudar esta equipa que fez um trabalho de excelência perante a cidade e o seu cidadão”, afirma Rui Marques, promotor da petição lançada em fevereiro de 2024, dias depois de a equipa ter sido dissolvida.
O promotor, que trabalha na área da segurança privada, mostrou-se “satisfeitíssimo” com adesão, assegurando que a petição foi assinada por pessoas de “norte a sul do país, por conhecerem os profissionais”, e não apenas da cidade.
O próximo passo é entregar a petição na Assembleia da República, que irá ser acompanhada de um “livro das 90 situações que aconteceram na cidade” desde que a equipa foi dissolvida.
“Tem casos de agressões a polícias, assaltos na rua, a viaturas e vandalismo. Estamos a falar de uma equipa que andava sempre na rua e que o cidadão conhece muito bem de passar e perguntar 'se está tudo bem', 'se é preciso alguma coisa”, aponta Rui Marques.
Baixa médica em dia de jogo de futebol
A apresentação da petição juntou, esta quarta-feira, cerca de 50 pessoas, entre elementos de várias forças policiais e comerciantes, que desfilaram entre o Largo da Portagem e a Câmara Municipal de Coimbra. Alguns vestiam uma t-shirt preta com a imagem dos seis elementos da equipa e gritaram palavras como “Coimbra segura, segunda equipa na rua” e “segurança”.
Arlindo Guerreiro, polícia na pré-aposentação, quis prestar “solidariedade” aos colegas, tal como já tinha feito quando a equipa foi desmantelada. “O que fizeram com a equipa não se devia fazer”, justifica.
“Vi o desmantelamento como uma repressão [ao] que, na altura, era a indignação de todos os elementos que estavam ao serviço com o que se passou anteriormente”, indica. A 2.ª EIR foi dissolvida em fevereiro de 2024, numa altura em que vários agentes meteram baixa médica no dia do jogo de futebol, para a Taça de Portugal, entre a União de Leiria e o Sporting.
“Faz sentido ser esta equipa”
Para Paula Maia, que trabalha na Praça 8 de maio, a 2.ª EIR era uma “mais-valia”, considerando que “nunca devia ter sido retirada”. “Se calhar, se eles continuassem não havia tanto crime, tanta violência na Baixa como há, tantos assaltos. E nós próprias também nos sentíamos mais seguras”, diz.
Paula Maia admite que, antes, quando saia “às 21 ou 22 horas, não tinha medo de andar na rua”, mas agora, que sai às 21 horas, diz ter “medo de sair à rua, porque não há segurança”.
Idalinda Oliveira, proprietária de uma pastelaria, admite que o que querem é que a equipa se junte de novo e que “faz sentido ser esta equipa”, uma vez que “já conheciam perfeitamente a Baixa”.
Nas saídas mais tardias, a comerciante admite que se sentiam mais seguros. “Com eles não tinha absolutamente medo nenhum, porque sempre encontrava um ou outro numa esquina, e sentia-me super segura. Espero bem que esta equipa regresse novamente”, afirma.
Adequação das equipas
Questionado pelo JN sobre esta petição em abril, o Comando da PSP de Coimbra respondeu que “ajusta regularmente o seu dispositivo” de acordo com a análise às diversas variáveis, nomeadamente “os recursos disponíveis, a variação do contexto social, a ponderação das capacidades operacionais face aos fenómenos criminais ou de ordem pública existentes em dado momento”.
“Nessas circunstâncias, em fevereiro de 2024 foi efetuada uma reorganização das Equipas de Intervenção Rápida, visando gerir mais eficientemente os recursos humanos disponíveis e reforçar a coesão interna e a capacidade operacional das equipas existentes”, indica.
O Comando da PSP de Coimbra não respondeu se a decisão de dissolver esta equipa esteve relacionada com baixas médicas ou assistência hospitalar por altura do referido jogo de futebol.
Afirmou que no Comando Distrital de Coimbra “estão ao serviço Equipas de Intervenção Rápida em número considerado adequado ao cumprimento da missão, estando garantida a capacidade de resposta permanente a este nível”.
“A decisão sobre ativação ou criação de equipas policiais cabe exclusivamente à sua estrutura de comando e obedece, conforme referido, a critérios técnicos, operacionais e táticos, baseados em informação permanentemente atualizada”, assinalou.