“Mamão”, “velho” e “o rei está morto”: Sócios relatam insultos a Pinto da Costa
As testemunhas arroladas por alguns dos arguidos contaram que foram proferidos vários insultos ao então presidente Pinto da Costa durante a Assembleia Geral de 13 de novembro de 2023.
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Disseram que viram uma grande movimentação nas redes sociais, de ambos os lados, para marcar presença na reunião, principalmente para rejeitar os estatutos. Uma das testemunhas, fazia parte do grupo WhatsApp “Super Dragões 1986”.
Luís, foi dos primeiros da fila. Apesar de ser um apoiante de Pinto da Costa, estava contra os estatutos, por se estar num momento pré-eleitoral. A testemunha apercebeu-se de que havia uma grande vontade de mudança. Ainda entrou no auditório, mas apercebeu-se que não havia condições. Foi para o Arena.
No pavilhão, o discurso de Pinto da Costa foi recebido com “assobios, apupos e palmas; houve de tudo um pouco”. Luís conta que nunca sentiu que alguém fosse inibido de se manifestar por ser contra a direção. “Não me apercebi de ninguém a ser hostilizado por criticar ou filmar. Aliás, diz que filmou parte do discurso de Pinto da Costa ninguém o abordou.
Entretanto, confrontado pela juíza admitiu que mudou de bancada porque, após alguém ter dito que para pararem com a AG porque ainda havia sócios lá fora, viu duas ou três pessoas a descer as escadas e falar com alguém que estava sentado e temeu pela sua segurança pelo modo como estavam a falar. Por fim, revelou que Fernando Saul, de quem é amigo, tinha a noção de que as eleições estavam perdidas e disse que “ia perder 70/30 ou 80/20”.
“Havia pessoas somente para insultar e assobiar”
Um outro sócio, Carlos Moreira, atestou que o ambiente no auditório era “sereno”, com alguns cânticos, mas era “impossível ter a noção” de que havia mais pessoas de um lado ou do outro. “Havia muitos adeptos em pé”, disse Carlos. No Arena disse que ficou incomodado com os insultos dirigidos “principalmente contra o presidente Pinto da Costa: chulo, mamão, bandidos”.
O sócio disse mesmo que “houve a noção de que havia muitas pessoas somente para insultar e assobiar”. Confrontado pela advogado do F. C. Porto admitiu que fazia parte do grupo de WhatsApp Super Dragões 1986 e que no antes da AG e nessa escreveu mensagens naquele grupo onde também estão Fernando e Sandra Madureira e outros elementos da claque.
“Ficou impressionado com o que era dito sobre Pinto da Costa mas não ficou impressionado com o que se dizia no grupo”, questionou a advogada. “Honestamente, não tenho impressão de sequer de isto se ter falado no grupo. Não me lembro desse tipo de declarações”, justificou.
“Saul esteve sempre comigo”
Zé Pedro foi com o irmão, um amigo e Fernando Saul para a AG. Contou que no interior do pavilhão ouviram-se coisas fortes como “velho senil” ou “já devias ter morrido”. E nunca viu nenhuma agressão contra elas, tirando a confusão após o discurso do presidente na bancada norte e, depois, a outra confusão com o Henrique Ramos. “O Saul esteve sempre ao meu lado, nunca saiu dali”, garantiu.
À saída, disse que se cruzou com um grupo de amigos, apoiantes de André Villas-Boas, onde também estava o ator Pedro Teixeira e o irmão de João Borges. Lamentaram o ocorrido, “disseram que era uma pena, somos todos Porto e depois saíram tranquilos”. Fernando Madureira também estava lá perto e nada se passou. “Naquele local não vi nada”, garantiu o empresário. Zé Pedro, amigo de infância de Fernando Saúl, atestou que o mesmo ficou bastante afetado com todo este processo e que até está a ter acompanhamento psicológico.
A advogada do F. C. Porto pediu para anexar uma notícia onde Pedro Teixeira relata “vergonha pelo que se passou”, com o propósito “de consideração da credibilidade de testemunha”.
Um outro amigo de Saúl, Bruno Dias confirmou que o ex-oficial de ligação dos adeptos se sente injustiçado com tudo isto e até já perdeu a vontade de ir aos jogos. Disse ainda que, durante a AG, viu pessoas a filmar com o telemóvel, mas que não viu ninguém a incomodá-las.
Sofia Branco, a advogada do F. C. Porto, confrontou-o com uma mensagem, que terá enviado na tarde do dia seguinte à AG, no grupo dos Super Dragões 1986, a dizer “para mim, para a semana era da mesma maneira”. A testemunha disse que não se recordava.
Joana estava para ir à AG mas acabou por não ir. “Apercebi-me de que algo não estava a correr bem. Só via pessoas nas redes sociais a dizer “temos de por o velho lá para fora” e “o rei está morto”. A jurista chegou mesmo a ser insultada e ameaçada no Facebook pelas suas opiniões. Questionada sobre se haveria pessoas com a intenção de provocar, disse que não sabia. “Sei que foram para lá com o espírito de mudança”, afirmou.